Com 87 anos ele quer estar na vanguarda e pede socorro
16/09/2009O rádio é um veículo que já nasceu moderno, trazendo no seu bojo, e isso a 87 anos atrás, inovações como instanteneidade, interatividade e mobilidade, ferramentas que somente agora os demais veículos conseguem implantar. Nasceu moderno mas parou no tempo, infelizmente, e agora será o último a se digitalizar.
Lamentavelmente outras conquistas não foram incorporadas nesse período. Há de se ressaltar, inclusive, que mesmo com a possibilidade de comunicação através de células raiz do celular que surgiu a partir de pesquisas da radiodifusão, não soubemos aproveitá-las, dando chences à sua utlização na telefonia.
Mas ainda há tempo de se recuperar o tempo perdido. Falta apenas votande política. Aliás, não compreendo o por quê de o rádio necessitar de autorização para se digitalizar, quando isso não implica em mudanças legislativas ou coisas que o valham. Isso, por exemplo, não ocorreu com a própria telefonia celular, que apenas trocou o analógico pelo digital. Tecnologia é para se usar e abusar, desde que no bom sentido.
O rádio é o único veículo de comunicação totalmente amigável a qualquer atividade. Ouvindo o rádio você pode dirigir, cozinhar, barbear-se, caminhar, correr, relaxar, namorar, enfim, o que bem lhe der na telha. O rádio se soma com você, acrescenta, leva informações, dá a notícia enquanto ela está acontecendo. No rádio a instaneidade é uma marca de nascença. Intrínseco. O rádio é quem continua pautando os demais veículos.
A interatidavidade do rádio é tamanha que hoje qualquer cidadão, do mais culto ao de menor saber pode virar um repórter imediato. É através das ondas do rádio que a cidadania melhor se apresenta e exercita, com as pessoas levando informações, suas reivindicações, as notícias do seu lugar.
O rádio é o mais convergente dos veículos. Mesmo com seus 87 anos de vida, o rádio que, no Brasil nasceu em Pernambuco, com a Rádio Clube, e que tem a Rádio Tabajara, em João Pessoa, na Paraíba, como a terceira a sugir no país, ou seja, o Nordeste foi pioneiro é um veículo se comunica com todas as demais mídias. E isso é ser moderno, ser jovem mesmo na maioridade. Ou na melhor idade.
A tecnologia veio para acudir a humanidade, para melhorar a vida de todos. Com o rádio não poderá ser diferente. É pena que no Brasil as decisões sejam mais políticas do que técnicas. O relatório da Abert sobre o modelo IBOC sistema americano de rádio de alta definidação, o HD Rádio comprovou o que todos os radiodifusores já sabiam. Esse é o modelo que melhor serve ao Brasil.
E por razões mais do que simples. Ele dispensa qualquer alteração na legislação de outorgas, preservando as frequências. Não mexe com o Plano Básico de Radiodifusão. Quem é frequência tal continua onde está. Não é como a digitalização da televisão, que implicou em abertura de novos canais. Os canais são os mesmos.
E tem muitos outros ganhos para todos. Os ouvintes vão ganhar multiplicação de programação no mesmo canal, o que significa mais conteúdo, mais informações, mais cultura e entretenimento. Na mesma frequência se pode ter um canal de música, outro de notícias e um outro de esportes. Isso se se quiser todos os canais estereofônicos. Em mono se pode chegar a até oito novos canais numa única frequência.
Com o rádio digital se pode enviar mensagens escritas, que aparecerão no display de cada receptor. Dessa maneira, por exemplo, você pode receber informações sobre tempo, tábua de marés, taxas de câmbio, resultados esportivos, etc.
O HD Rádio também vai permitir que se possa receber o clip da música que está tocando, ou mesmo que você possa, depois, acessar o banco de dados da emissora e escolher o que quer ouvir. Isso é interatividade total, a comunicação em mãos duplas. O rádio indo e vindo. Dando e recebendo do cidadão.
O rádio já está na internet como a internet também é uma ferramenta do rádio. No HD Rádio essa convergência ainda mais se fortalecerá. Com o rádio digital a FM tem som de CD, enquanto a AM ganha qualidade de FM. Não tem chiados nem ruídos.
E isso tudo ficou comprovado nos testes. Aonde chegou o sinal do analógico melhor ainda chegou o sinal do digital. Tanto nas FMs como nas emissoras de AM. Se em algum lugar o sinal digital não ficou legal, o analógico sequer conseguiu chegar. Isso quer dizer que estão vendendo gatos por lebres ao se negar a eficiência e robustez do rádio digital nos padrões americanos.
Não se pode cobrir o sol com a peneira. Se se quer discutir royalties, licenciamento, etc, que se discuta, mas venham atrasar a implantanção de um modelo que é o melhor que se presta para radiodifusão brasileira. O resto são detalhes, e Detalhes é melhor com Roberto Carlos, de preferência acústico. Implantemos o Iboc, já, antes que seja tarde.
O rádio precisa continuar na vanguarda da modernidade, afinal, ele é um jovem de apenas 87 anos de idade que quer continuar vivo.
Paulo de Tácio Pinto
(Radiodifusor - diretor ASSERPE/ Paraíba)