Limitações no espectro e mudanças no mercado de recepção seguem como entraves à migração; revisão da norma técnica é proposta em palestra no Congresso SET EXPO 2016
01/09/2016A sessão “Rádio: reflexos da migração AM x FM”, moderada por Eduardo Cappia (SET/EMC), discutiu as mudanças técnicas e regulatórias pelas quais passa a indústria radiofônica brasileira . O painel ocorreu na manhã desta quarta-feira (31), no Expo Center Norte.
André Cintra, representando a ABERT, apresentou uma tabela de municípios que, dentro dos 1.388 pedidos, têm chance de migrar se reduzirem potência do decreto. “Se tivessem aceitado reduzir potência, já estaríamos com os pedidos contemplados. Pelo decreto, ou migra todo mundo, ou não migra ninguém. Em Juiz de Fora, por exemplo, estamos com uma emissora que não manda a carta. No Rio de Janeiro, em São Paulo, nós já sabíamos que não conseguiríamos migrar todas as mais de 13, 14 emissoras e elas teriam que ir para faixa estendida. Mas, em cidades menores, com menos pedidos, achamos que seria possível fazer a migração.”
A Anatel deve realizar uma última consulta, em outubro de 2016, antes de concluir o processo de migração, contou Cintra. “Em setembro, deve sair uma consulta geral, de TV, de FM, de tudo. Vamos ver se incluímos alguns canais nesse processo. Ou seja, até outubro, há chance de as emissoras migrarem. Depois disso, não se sabe. A verdade tem que ser dita. Estamos espremendo o espectro da forma mais compacta possível e, dificilmente, dentro da faixa, alguém vai conseguir aumento de potência. Só no Norte e no Nordeste será possível. Nos outros estados, o espectro ficará limitado. Estamos espremendo até a última gota”, concluiu.
Cláudio Lorini, da Lorini Engenharia, propôs uma revisão da norma técnica de FM para a atual realidade. “Queremos mudanças mais radicais, que nos favoreçam. Temos que ter a norma, para depois usar a faixa. É importante que haja a normalização em 150 metros das emissoras em função de seus requisitos máximos. É importante que haja essa revisão para atender a todos os canais na faixa estendida”.
Cauê Franzon, do grupo RBS, afirmou que, se não tiver recepção, o trabalho de migração é em vão. Do ponto de vista técnico, José Mauro de Ávila, diretor técnico da Mega Sistema de Comunicação, explicou que a primeira coisa que vai mudar com a migração são os processadores de áudio e lembrou que o link também muda. “A resolução 584 transformou o link analógico em caráter secundário. Os links digitais não são uma solução muito viável, porque ainda são muito caros e não apresentam boa qualidade de áudio. Os links de IP têm sido os mais utilizados, tanto os lincenciados quanto os não licenciados. Os não licenciados têm sido muito utilizados inclusive nos Estados Unidos”.
Repórter: Fernando Moura, Isaac Toledo, e Francisco Machado Filho, em São Paulo