Os motivos que levaram as emissoras migrantes a manter a programação do AM
18/02/2021A migração de emissoras do AM para a faixa do FM surgiu no
país em 2013, por meio de decreto. Mas foi só em 2016, que as rádios começaram
a migrar. Buscavam novas oportunidades de negócio, maior qualidade de áudio e o
fim do chiado e interferências. Em Santa Catarina, 59 emissoras que operavam na
faixa AM já passaram para o FM. Entre tantos dilemas na hora de virar a chave,
um deles é: mudar ou não a programação? A Rede de Notícias ACAERT – RNA ouviu
especialistas e radiodifusores de emissoras migrantes para ter a resposta.
Para o jornalista e consultor do Portal Tudoradio.com, Daniel Starck, a necessidade de alteração na grade depende muito das características da praça em que a emissora atua. Segundo ele, há um equilíbrio no país entre as rádios que mantiveram a programação e outras que alteraram completamente. “Se o projeto que está no AM ainda é relevante para a comunidade ou se há oportunidades no FM que não estão sendo atendidas pelas emissoras existentes, que a rádio migrante pode atender”.
A rádio Catarinense FM, de Joaçaba, é uma das emissoras que praticamente não alterou o perfil dos programas. Em 2011, o grupo ganhou licitação de uma emissora FM no município. A partir daí, a programação da Catarinense AM também passou a ser transmitida pela nova emissora. Durante esse período de test drive, a Catarinense expandiu sua área de cobertura e conquistou novos ouvintes, que acabaram se acostumando. Quando em março de 2018, aconteceu realmente a migração, a primeira emissora FM se transformou em Antena 100, com grade musical, mas que ainda entra em rede para transmitir dois programas jornalísticos da Catarinense. O diretor da emissora, Nelson Paulo, explica. “Passamos a transmitir a mesma programação quatro anos antes de fazer a migração. Então, para nós, o processo foi suave”.
A rádio Tuba AM, que atua há 74 anos na Região de Tubarão, está em fase experimental no FM. A emissora pretende manter a tradição, oferecendo a programação religiosa e jornalística. De acordo com o diretor da Rádio, Padre Rafael Uliano, o perfil da emissora já está consolidado, mesmo que vários programas tenham sido ajustados e outros criados. Os profissionais continuam os mesmos. Para Uliano, não dá para trocar o certo pelo duvidoso. “Trocando experiência com outras emissoras da região que migraram para o FM e alteraram a programação e depois acabaram concluindo que não foi a melhor escolha. E também pelo respeito aos ouvintes que por mais de meio século apreciam a programação nos moldes históricos, permaneceremos com a mesma grade”.
Na Região Oeste, a Super Condá se transformou em Condá FM no ano passado, em meio a pandemia da covid-19. A diretora da emissora, Raquel Lang, destaca que foi mantida a marca registrada da rádio, com foco no jornalismo. “Pelos nichos de mercado e realidade da região, nós mantivemos a nossa marca registrada. Estamos inovando aos poucos, mudando aos poucos. Nos permitimos isso”.
Repórter: Assessoria de Imprensa