Especial - Furacão Catarina completa 17 anos. Emissoras de Rádio cumpriram papel de informar e orientar a população

Fenômeno trouxe destruição e morte para o Sul de Santa Catarina. O rádio foi fundamental na mobilização da sociedade

24/03/2021

No início do outono de 2004, portanto há 17 anos, um fenômeno meteorológico estava se formando na proximidade do litoral de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Era uma formação nunca antes vista na região, que chegou a confundir os centros de monitoramento do país. A princípio, a suspeita era de um ciclone extratropical. Mas os meteorologistas da Epagri Ciram acreditavam que estavam vendo um fenômeno nunca antes observado no Atlântico Sul. Como relembra a meteorologista Gilsânia Cruz. 

“A gente esperava que fosse algo fora do comum. Fora do normal que a gente conhecia. E que, sim, seria com prejuízos, com transtornos e riscos de morte por conta disso. Centros nacionais levaram a coisa como algo muito pequeno. Afirmaram que os ventos não passariam dos 60 km por hora. Que não era motivo para nenhum tipo de alarde”.

O pessoal da Climaterra também estava monitorando o fenômeno. Começaram a acreditar que estavam diante da formação de um furação. O meteorologista Piter Scheuer relembra. “Muita gente na época não considerou como furacão, mas como ciclone. Tem diferença. No caso, era um furacão mesmo, ou ciclone tropical, mas não um ciclone extratropical que, geralmente, tem uma frente fria associada. Neste caso foi um sistema único. Ele começou a entrar em dissipamento no dia 27 de março. Então, realmente foi um sistema único. É raro ter este tipo de sistema na região”.

E realmente era um furacão que causou mortes e muito estrago. A população do Sul do Estado se assustou com o fenômeno. Mas pôde contar com um importante aliado: as emissoras de rádio da região, que suspenderam a programação normal e passaram a orientar e informar as pessoas sobre o que estava acontecendo. A jornalista Magda Martins, da Rádio Tuba, recorda o trabalho de cobertura da emissora. “Nós alteramos a nossa programação e nossa equipe foi mobilizada. Os telefones não paravam de tocar. Eram muitos ouvintes aflitos querendo saber o que estava acontecendo. Outros relatando os locais que foram destruídos. E nós, estávamos do outro da linha, muitas vezes, sem uma resposta. Nessas horas, é importante ter muita cautela. Repassando a informação correta para não alarmar a população. Os ouvintes esperam de nós a solução para os problemas e as respostas para suas dúvidas. Não fazemos o possível. Muitas vezes não temos a resposta. Nosso papel de veículo de comunicação foi cumprido. Nós colocávamos as autoridades no ar explicando os pontos e críticos, além de orientando e acalmando a população”.

A então Rádio Difusora de Içara também foi outra emissora que orientou os ouvintes. Todos da emissora foram envolvidos. O repórter Rogério Dimas traz os detalhes. “As equipes de jornalismo e de esporte fizeram uma ampla cobertura do evento. Ao longo da madrugada, da noite, nós acompanhamos a situação dos municípios da região. Inclusive, na época, a emissora já tinha um gerador de energia, permitindo que a rádio ficasse no ar sem problema. Me lembro que não possível chegar em alguns lugares por causa da queda de árvores e postes. Ou seja. Fizemos uma ampla cobertura desse maior fenômeno climático do Sul do Brasil. Foram momento de terror”.

A meteorologista Gilsânia Cruz afirma que a Epagri Ciram estava certa em acreditar que se tratava de um furacão. “A gente acreditou, correu atrás. E tentamos fazer o melhor que conseguia. Inclusive colocamos o nome do furacão, de Catarina”.

O furacão Catarina deixou mais de 27,5 mil desalojados, quase 36 mil casas danificadas, 518 feridos e 11 mortos. Os prejuízos totalizaram aproximadamente R$ 1 bilhão e 14 municípios decretaram estado de calamidade pública. Segundo a meteorologista Gilsânia Cruz, da Epagri Ciram, o Furacão Catarina foi classificado de F2, numa escala que vai até 5.

“Na época, a gente não tinha muitas estações meteorológicas no litoral sul como a gente tem hoje. O maior estrago do furacão ocorreu entre Torres e Araranguá. E a estação que mais registrou a força do furacão foi em Siderópolis, com velocidade do vento de 150 km/h, que não estava no centro do fenômeno. Por isso, ele foi classificado de F2”, afirmou meteorologista Gilsânia Cruz, da Epagri Ciram.

Repórter: Assessoria de Imprensa

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