Das cartinhas às mensagens nas redes digitais, os casos de relacionamento de ouvintes com emissoras de Santa Catarina
14/04/2021Dona Tereza da Fonseca morava no interior de São Domingos,
no Oeste do estado. Era ouvinte assídua da Rádio Clube. Como antigamente,
escrevia cartas pedindo músicas para homenagear parentes e amigos. Fazia
questão de levar pessoalmente as cartas até a emissora. Para não perder a
viagem, entregava cartas para a semana toda. Nenhum aniversário da família passava
em branco. Mas, aos 73 anos, a ouvinte morreu em março por vários problemas de
saúde.
A jornalista da Clube, Keli Camiloti, relembra. “Dona Tereza
ouvia todos os programas, mas era superfã do programa Sandro Cristiano. Em
2018, a surpreendemos com a visita do Sandro em sua casa. Eu acompanhei o
momento e foi muito emocionante”. “Chegamos na casa de dona Tereza e ela estava
sentada na área com seu radinho de pilha sintonizado na Clube. Ela não
acreditava que estávamos lá. Foi um momento especial para nós também, pois se
tratava de uma ouvinte que nos acompanhava desde o início das atividades da
emissora. Com o seu falecimento, chegou ao fim o ciclo das cartinhas, que foram
substituídas por mensagens de whatsapp”, destaca Sandro Cristiano.
O Rádio de Santa Catarina coleciona diariamente milhares de casos
de paixão do ouvinte. Não importa a idade, o lugar, a programação, o
radialista. No Sul do estado, Eduardo Baesso Viola, 39 anos, é fã da Rádio
Cidade em Dia, de Criciúma. Ele faz parte da faixa etária que mais ouve rádio.
Segundo pesquisas, 55% dos ouvintes estão na faixa de 30 a 59 anos. Para uma melhor interação com os
comunicadores da emissora, o ouvinte prefere acompanhar a programação pelas
redes sociais. “A gente pode mandar mensagem, baixar os vídeos, interagir com
os locutores. Então, para mim, o mais importante é o facebook e o youtube”.
Para Eduardo, outro motivo para gostar tanto do Rádio é a
credibilidade do veículo. É assim que pensam também 50% dos brasileiros, de
acordo com pesquisa do Datafolha. “A gente tem que estar bem informado. E a
informação da rádio chega na hora. A informação é dada com embasamento,
checada. Eu sou apaixonado por rádio. Se pudesse, ouvia o dia inteiro”.
Aplicativo - O caminhoneiro Osvaldir Santin, mais conhecido
como Patroleiro, 38 anos, gosta tanto da Rádio Caçanjurê, de Caçador, que ele
chegou a produzir uma placa com os nomes de todos apresentadores e programas da
emissora, que fica exposta na traseira do seu caminhão. O que mais chama
atenção dele é o serviço comunitário prestado pela rádio. “Tem muita coisa
voltada à população. Ajuda muito as pessoas. A rádio dá muita voz ativa para os
ouvintes. Tem alguma coisa acontecendo na cidade, o povo tem a voz.”
Sempre na estrada, o Patroleiro não deixa de acompanhar a
Caçanjurê. Ele tem o aplicativo da emissora. Não importa onde esteja, o ouvinte
fica sabendo das notícias de Caçador e Região. Aliás, o número de ouvintes de
rádio no celular vem crescendo. Em 2020, 23% já acompanhavam as emissoras em
aplicativos. Para Santin, o alto astral dos comunicadores é contagiante. “A
energia positiva que cada comunicador transmite. Muitas vezes, eu me identifico
porque aquele locutor especificamente naquele momento está falando comigo, está
falando para mim. Eles passam um ânimo e te levantam o astral. Não é só um. São
todos”.
Casamento – Foi por meio do rádio que o casal Andrei Bogo e
Camila Raitz se conheceu. Prestavam atenção nos pedidos de música da Demais FM,
de Taió. Uma cutucada na página do facebook foi o início de uma amizade que
logo se transformou em namoro. Eles acabaram se casando, tendo como testemunhas
os comunicadores da rádio. Hoje, continuam assíduos ouvintes da Demais FM. “Na
hora de ordenhar, até as vaquinhas escutam a rádio”, brinca Andrei.
Companheiro de todas as horas. Interatividade. Essas são
duas das principais características do Rádio para a maioria dos ouvintes. De
acordo com levantamento da Kantar Ibope, os ouvintes da Região Sul do país passam em média 4h19 do dia acompanhando o
rádio. Em São Miguel do Oeste, Jeberson
Almeida Flores tem uma barbearia, onde também trabalham seus dois filhos
gêmeos: Lucas e André. O rádio fica ligado na 103 FM desde a hora que ele abre
a barbearia até o fechamento. Ele acompanha praticamente toda a
programação.
“É a nossa parceira de todos os dias. Nossa companheira. Às
8 horas da manhã, quando abrimos, o radinho já está sintonizado. Eles interagem
com os ouvintes. É uma maneira moderna como eles fazem o rádio, com bastante
interação. Isso chama o ouvinte para mais perto do rádio”.
Todo o carinho do ouvinte com o pessoal do rádio rende
muitas vezes um mimo durante o dia. Como explica a jornalista Silvana Toldo
Ruschel, da 103 FM. “Nós estamos aqui trabalhando e aí recebemos uma cuca,
salgados. Enfim, o lanchinho do meio da manhã está garantido, porque aquele
ouvinte que estava na cozinha, lembrou da gente. Uma relação muito importante,
já que a gente faz companhia para as pessoas no seu dia-a-dia. E aí receber
esse carinho é muito emocionante. Tem aquele ouvinte que a gente pode mandar um
alô a qualquer hora do dia, que ele já responde no whatsapp. Essa relação é
muito mágica”.
Repórter: Assessoria de Imprensa