Em cidades sem a presença de veículos jornalísticos, o rádio exerce função essencial na distribuição de informação
05/07/2021O rádio segue como a principal mídia no Brasil, e com certeza a mais abrangente. Possui um papel muito significativo na vida das pessoas, principalmente nos pequenos municípios, inclusive e principalmente, naqueles que não possuem a presença física de veículos de comunicação.
Segundo o Atlas de Notícia (2020), os chamados “desertos de notícias” – cidades que não possuem presença de veículos jornalísticos - correspondem a 62,6% dos municípios brasileiros. Nos três Estados da Região Sul, 54,8% das cidades seguem sem a presença da mídia. No entanto, na comparação nacional, os três estão entre os 50% de estados com menos desertos.
No entanto, o material mostra que o rádio é o meio de comunicação mais presente no Brasil (35,5%). Ou seja, mesmo nas cidades consideradas “desertos”, o rádio supre essa lacuna e segue levando informação à população, independente das condições geográficas.
A migração AM-FM pode ser considerada vantajosa na distribuição das informações, afinal as emissoras migradas estão com uma cobertura mais efetiva, clara e sem ruídos.
Democratização da informação através do rádio
Isso mostra que o rádio segue servindo como suporte democrático à população dos pequenos municípios. De acordo com a jornalista, doutora em Linguística Aplicada e professora do Mestrado em Comunicação da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto), Nair Prata, nas pequenas comunidades, o rádio é muito mais do que veículo para se ouvir músicas e notícias: ele reforça laços, perpetua as tradições, une as famílias, é o ponto de convergências das informações.
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Ela destaca que nas regiões onde não há energia elétrica, o rádio a pilha é a única forma de contato que algumas famílias têm com o mundo. É por meio daquele aparelho que se faz o elo entre o cidadão e a sociedade.
“O rádio é a principal mídia do país, com um papel significativo na vida das pessoas, com abrangência maior do que a televisão. O rádio possui características que fazem dele um veículo singular, como: linguagem oral, ampla penetração, mobilidade, baixo custo, imediatismo e instantaneidade”, diz.
Para a professora, a mídia local, e as emissoras que fazem essa cobertura em municípios onde não há presença de veículos de comunicação, além da função de informar a população de forma independente, qualificada, isenta e honesta, tem a função também de reforçar os laços da comunidade e dar continuidade às tradições.
“A mídia local deve voltar o seu trabalho para a vida social, cultural e política do seu entorno, trazendo informações que são importantes para uma sociedade específica. Criar elos com a sua comunidade é um dos desafios mais importantes da mídia local”, afirma.
Quando o assunto é o conteúdo produzido, Nair acrescenta que o jornalismo precisa sempre ser confiável e isento, independentemente de ser de rádio ou de qualquer localidade. “O rádio possui uma função social e o jornalismo de qualidade faz parte disso. Nas pequenas localidades, isso é ainda mais desafiador, pois nas regiões com acesso restrito às tecnologias a informação é uma arma poderosa a que todo cidadão tem direito”, afirma.
Repórter: AERP