Ação libera espectro para usos futuros, especialmente para a TV digital 3.0
17/01/2023Por Samuel Possebon - Telaviva
A secretaria de comunicação social eletrônica do Ministério das Comunicações do governo Lula terá algumas missões importantes para serem executadas em 2023. A primeira delas é o desligamento da TV analógica, cujos canais precisam sair do ar até o final do ano, e iniciar o processo de implementação da TV 3.0. Quando Lula esteve no governo em seu primeiro mandato, um dos temas mais importantes da área de radiodifusão era justamente a definição do Sistema Brasileiro de TV Digital, criando as condições tecnológicas para que a radiodifusão saísse da era analógica. Foi no primeiro governo Lula que se definiu pelo ISDB-T como padrão da TV 2.0, e em 2007 foi iniciada a digitalização das primeiras emissoras, com a perspectiva de que fosse concluído no então longínquo ano de julho de 2018 (data depois revista para o final de 2023).
Mas o processo só passou a ser efetivamente acelerado com a liberação da faixa de frequência de 700 MHz, em decorrência do leilão de 4G realizado no final do primeiro mandato de Dilma Rousseff, em 2013. A liberação da faixa para o 4G implicaria necessariamente o desligamento da TV analógica em pelo menos 1600 cidades onde havia escassez de espectro. Esse trabalho foi concluído em 2018 com o trabalho da Entidade Administradora da Digitalização (EAD), coordenada pela Anatel por meio do grupo de implementação da digitalização, o Gired. Mas as demais cidades não precisavam ser desligadas imediatamente.
Foi iniciado então o segundo momento no trabalho da EAD, utilizando inclusive as sobras de recursos da primeira fase. O governo Bolsonaro batizou esta segunda fase de Digitaliza Brasil, que basicamente é um projeto de distribuição gratuita de transmissores digitais para prefeituras em cidades em que não existem emissoras comerciais com retransmissoras próprias. Foram distribuídos, instalados e ativados transmissores em milhares de cidades, em um processo que termina em abril desse ano. Depois disso, será uma decisão política do governo exigir o desligamento dos sinais analógicos das emissoras de TV, já que hoje praticamente todo o parque de aparelhos de recepção de TV em posse da população já tem capacidade de receber os sinais da TV digital.
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A razão mais importante do desligamento analógico é liberar
espectro para usos futuros, especialmente para a TV digital 3.0. Trata-se de
uma terceira geração tecnológica que está em processo de definição dos
parâmetros técnicos pelos fóruns de padronização e que deve ter implementação
iniciada nos próximos anos, possivelmente ainda no governo Lula 3, que vai até
janeiro de 2027. O foco da TV 3.0 é permitir maior qualidade de imagem, como
transmissões em 4K, e maior integração com serviços distribuídos pela Internet.
A secretaria de radiodifusão do Ministério das Comunicações deixa uma Política
de TV Digital 3.0 praticamente pronta para a nova secretaria de comunicação
social eletrônica publicar, se for politicamente considerado relevante.
Repórter: Telaviva