Anatel vai acelerar destinação do 6 GHz para o WiFi outdoor
Brasil pode ser o primeiro país do mundo a adotar o serviço
28/02/2023
O Brasil deverá ser o primeiro país a adotar o WiFi outdoor
em 6 GHz. O presidente da Anatel, Carlos Baigorri, disse hoje, 28, que a
agência pretende acelerar a decisão sobre a liberação do uso do WiFi 6E (que
ocupa toda a frequência de 6.000 MHz) para as áreas externas (outdoor), de
forma a fazer com que o Brasil seja o primeiro país do mundo, antes mesmo dos
Estados Unidos, a ocupar toda essa faixa com serviços não licenciados. Segundo
ele, a intenção é lançar a consulta pública este semestre, para no início do
próximo adotar a medida.
Embora o presidente fale em “consulta pública” ele disse aos
jornalistas presentes ao Mobile World Congress (MWC) que a decisão da Anatel
será mesmo pela liberação dessa tecnologia também para a implementação do WiFi
em áreas externas (outdoor). Até o momento, a Anatel só liberou essa tecnologia
para o uso indoor para ser instalada como um modem nas casas das pessoas ou
prédios empresariais. Mas os provedores de internet e alguns fabricantes, como
a Qualcomm, por exemplo, reivindicam a ocupação dessa frequência também em
áreas externas.
Ecossistema do celular é contra
As operadoras de celular e toda a indústria que fornece para
elas, que se congregam na GSMA, afirmam, por sua vez, que em breve precisarão
de espectro mais baixo para poder suportar toda a demanda por dados que está
sendo criada pelas tecnologias de realidade aumentada, realidade virtual vídeos
de 4K e 8K.
A reivindicação pela banda de 6 MHz para a telefonia celular
, e não para o WiFi outdoor, foi apresentada já no primeiro dia do evento de
Barcelona, pela voz do diretor-geral da GSMA, Mats Granryd, que chegou a
afirmar: “Espectro é vital para a indústria de celular. E a faixa de 6 GHz é
crucial para a expansão do 5G”. Ele apontou para o grande embate que ocorrerá
na próxima reunião da União Internacional de Telecomunicações (UIT) que definirá a destinação de várias
frequências, inclusive a do 6 GHz, e que acontecerá no final deste ano (entre
novembro e dezembro) e que o setor de telefonia celular estará bastante
atuante.
A WRC, ou Conferência Mundial de Radiocomunicação, é
realizada a cada quatro anos, o mais importante fórum de discussão da entidade,
quando são decididos para que serviços de telecomunicações devem ser alocados
as diferentes, mas limitadas frequências. E nesse fórum, são realizadas não
apenas disputas entre os fabricantes de tecnologias, como também disputars
entre países e blocos econômicos.
A Anatel decidiu destinar o 6 GHz para o Wifi no ano
passado, acompanhando, assim, a opção dos Estados Unidos, mas continua sob
intensa pressão da indústria de telefonia móvel. Entre as razões apresentadas
por essas empresas está o fato de que a agência está destinando uma enorme quantidade
de banda (1.200 MHz) para um serviço que será usado dentro das residências, um
desperdício. Além disso, alega-se que no Brasil não há qualquer demonstração de
interesse pelo uso desse equipamento. Até porque, ele é muito caro para o
consumo do usuário final.
É por isso que começou a pressão pela liberação desse
equipamento também nas áreas externas. O problema técnico que existe, contudo,
é que para ser usado externamente, esses modens Wifi não poderão interferir nos
milhares de sistemas de interconexão dos serviços fixos, que têm prioridade na
ocupação dessa frequência.
Os operadores regionais alegam, no entanto, que, somente com
a liberação do uso outdoor é que haverá demanda efetiva pelo equipamento, pois
ele poderá servir de hub para a expansão em diferentes localidades onde a fibra
óptica não pode chegar. “Será uma ótima opção para os provedores avançarem com
a banda larga”, afirmou Basílio Peres, diretor da Abrint, que também circula
pelo evento catalão.
As operadoras de celular brasileiras estão, no entanto,
avaliando esse cenário, e preocupadas com uma decisão precipitada sobre o tema.
Isso porque, a tecnologia 5G FWA, que poderia ser uma alternativa para elas,
operadoras de celular, prestarem serviços de banda larga fixa em áreas remotas,
ainda tem o alto preço do equipamento, impeditivo para usa implementação. Veem
a frequência de 6 GHz como uma alternativa para a expansão dos serviços móveis. A Claro, por exemplo, que também está com a comitiva de seus
principais executivos em Barcelona, vai criar um grupo técnico para estudar a
fundo o 6 GHz, disse José Félix, presidente do grupo.