Artigo do vice-presidente de Inovações da ACAERT, Beto Amaral
20/04/2023
Jacques Weissenberg – diretor de Tecnologia do Grupo SCC, Juscelino Filho – ministro das Comunicações e Beto Amaral
Artigo
“O que acontece em Vegas, SOMENTE acontece em Vegas”
Essa foi a frase que estava estampada nos corredores do
pavilhão Central da NAB Show, em Las Vegas, este ano. E resume o que é
realmente a maior feira de radiodifusão do mundo, pois só quem participa
presencialmente sabe do que estou falando. Essa versão foi bem diferente das demais, pois muita gente
não estava procurando equipamentos, até porque não teve nenhuma grande
novidade, como em anos anteriores (TV Digital, Cenário Virtual, Full HD, 4K,
8K, VR, TV 3D, Drones, Cloud, Virtualização, etc.) Isso virou commodities,
encontra em qualquer lugar e com toda faixa de preço.
Então, o que os radiodifusores foram buscar na NAB?
MONETIZAR. Isso mesmo, visto que o bolo publicitário da mídia tradicional
estagnou e poucos Broadcasters com recursos para investimento (sem retorno
financeiro). Agora é a hora de fazer diferente e investir onde se rentabiliza a
curto prazo. E é claro, pensar na sobrevivência do nosso setor para o futuro.
Nos artigos dos eventos que faço, sempre separei por
tópicos, tratando de um assunto por vez. E desta vez não será diferente:
– TV 3.0 – Esse é o Futuro de quem faz Televisão Aberta,
pois com essa nova tecnologia pode ser realizada a mídia programática,
utilizando a TV conectada para direcionar os comerciais de acordo com o perfil
de cada telespectador, sendo o conteúdo principal é distribuído pela
infraestrutura da rede terrestre de TV Digital. O grande problema que o Brasil
ainda não definiu o seu padrão, e nem prazos fidedignos para quando teremos
disponível para os Brasileiros de forma Aberta e Gratuita.
– TV Linear via Streaming – Com a popularização das TV
Conectadas e dos serviços de streaming, criou-se possibilidades da massificação
de canais com programação linear, os chamados Fast Channel, são canais que
estão se difundindo nas TVs Conectadas e que não necessita ter um canal de tv
aberta ou fechada para inserir no line-up destas TVs, podendo ser acessados de
qualquer lugar do mundo.
– OTT – Os chamados VODs e opções de canais lineares sendo
distribuídos via rede pública de internet, se popularizaram muito e existem
hoje diversos provedores White Label ou não, para criar um novo canal ou
inserir a sua programação em uma plataforma de conteúdo, como um Netflix. Essas
plataformas podem disponibilizar vídeo, áudio, ou qualquer outro tipo de
conteúdo, sejam eles sob demanda ou através de uma programação ao vivo. O
impressionante é os diversos tipos de formas de monetização que existem dentro
destas aplicações.
– Rádio como uma plataforma – Acredito muito nas Emissoras
de Rádio como sendo a regionalização do conteúdo seja ele áudio, vídeo,
noticia, entretenimento ou até mesmo como promotores de eventos presenciais. E
a possibilidade de aproximar localmente quem está longe ou até quem está perto,
somente o rádio tem. E o Rádio tem que se tornar vídeo, um hub de notícias, ser
a agenda da comunidade e principalmente ser o companheiro das pessoas. E
tecnologias para essa “profissionalização” das emissoras de rádio, estão muito
acessíveis e amigáveis. Nos tempos atuais só não entra no mundo
multiplataforma, quem não quer, e quem não querer, vai “morrer”.
– TV Conectada – Tudo que foi falado acima, se passa também,
pela TV conectada, que nada mais é que uma Smart TV conectada na Internet. Hoje
no Brasil 60% dos televisores estão conectados, e esse número cresce
mensalmente. Não podemos perder o timing e deixar para as big techs dominarem
esse mercado, precisamos nos posicionar e entrar o quanto antes nesse mundo.
Existem inúmeras possibilidades de monetizar com essa tecnologia. E qual é o problema desses modelos de negócio acima, a
tecnologia praticamente já está aí, porém ainda não está acessível para todos.
E também o Brasil não tem capacidade de rede, para tamanha quantidade de
pessoas, se todos que utilizam a TV aberta, se conectar ao mesmo tempo num
canal de streaming.
Vamos fazer um exercício mental: Imagine um Brasil sem TV Aberta,
com 150 milhões de pessoas querendo assistir um jogo do Brasil na Copa do
Mundo, infelizmente não seria possível por questões de técnicas, o desastre
seria muito grande. Além do que, todas as noites cerca de 80 milhões de pessoas
estão ligadas nos 4 principais canais de TV, a desinformação seria enorme, sem
a tecnologia de TV Digital Aberta.
Mas voltando as reflexões da NAB, saí de lá com muitas
ideias, mas ainda sem a resposta da pergunta de 1 milhão de dólares, “Qual vai
ser o futuro da Televisão e do Rádio, em um mercado cada vez mais difícil e com
muitos novos entrantes”. Acredito que a TV e o rádio ainda tenham uma vida
longa, porém ainda precisam descobrir qual vai ser a sua “picanha*”. Temos que
encontrar as nossas picanhas logo, sob risco de prejudicar a nossa
rentabilidade.
Termo “Picanha” – As pessoas comem carne bovina a milhares
de anos e pagavam praticamente o mesmo preço por qualquer pedaço da carne do
boi por muito tempo. E somente há uns 50 anos que foi “descoberta” a picanha,
um pedaço de carne nobre que esteve por milhares de anos sempre lá, mas alguém
soube cortar diferente e criou valor em algo, que acaba remunerando mais toda a
cadeia produtiva.
Beto Amaral é vice-presidente de produto do Grupo SCC e
vice-presidente de Inovação da Acaert