A rede está ativa em 589 cidades brasileiras, incluindo todas as capitais
15/07/2024
Foto: Reuters/Sergio Perez
O 5G, a tecnologia mais avançada de rede móvel de dados, completou dois anos de atividade no Brasil na semana passada. E, de acordo com a Anatel, que regulamenta a implantação do sistema no Brasil, as expectativas de expansão nesses dois primeiros anos foram superadas. A rede está presente em 589 cidades, o que inclui todas as capitais, além de 27,9 milhões de acessos ao 5G. Brasília, que iniciou o processo de expansão, é a praça com o maior índice de acessos à nova rede. Ainda com uma cobertura parcial, o 5G auxilia no crescimento do consumo digital de rádio, em especial no streaming de áudio.
De acordo com uma reportagem do Correio Braziliense, em apenas dois anos de operação em Brasília, praça que foi o pontapé inicial da implantação, o Distrito Federal já conta com 915.897 acessos 5G, de acordo com os dados mais recentes da Anatel, que são de maio de 2024. Isso significa que quase 25% de todos os acessos móveis no DF (totalizando 3.863.617) são agora 5G. Esse índice é o mais alto do país. O Brasil totaliza 27,9 milhões de acessos.
Os números gerais da rede, que completou 2 anos no último dia 6, mostram que o 5G alcança 589 municípios, o que significa 10,5% das cidades brasileiras, que são 5.570 no total. Mas, segundo o governo federal, a cobertura da tecnologia de internet de alta velocidade superou as metas fixadas pela Anatel e está atendendo cerca de 28 milhões de usuários nesses locais. A expansão começou pelos centros mais populosos e capitais, o que ajuda no crescimento rápido de consumo da nova rede.
A agência considera que as expectativas de implantação foram superadas de acordo com o seguinte quadro: atualmente, todas as cidades brasileiras com mais de 500 mil habitantes têm pelo menos uma operadora que oferece o 5G. Pelas regras da Anatel, esse marco deveria ser atingido até julho de 2025. Quando a tecnologia começou a ser implementada no país, a agência também determinou que ela deve chegar a todas as cidades com mais de 200 mil habitantes até julho de 2026. Em 2030, deve estar disponível em todos os municípios urbanos brasileiros e em 75% das localidades rurais.
O Edital do 5G, fixado em 2021, ou seja, no ano anterior à implantação da nova rede, estabeleceu compromissos para que todas as cidades do país tenham sinal 5G com cobertura total até o final de 2029. A ideia do setor é antecipar esse prazo, para que a cobertura nas cidades onde estão sendo vendidos os serviços possa ser igual ou até maior que a do 4G.
“O 5G não é apenas uma atualização tecnológica, mas uma revolução que promete transformar a maneira como vivemos, trabalhamos e nos conectamos. Estamos apenas começando a explorar todo o seu potencial”, afirma a Anatel, em comunicado sobre o tema. Para se ter uma ideia do impacto da rede móvel na sociedade, estimativas indicam que a adoção do 5G poderá adicionar aproximadamente 0,50% ao PIB do país anualmente, representando um valor de cerca de US$ 41 bilhões até 2030.
De acordo com uma reportagem do portal Olhar Digital, dados da consultoria Ookla, obtidos em razão de Acordo de Cooperação Técnica firmado pela Anatel com a empresa, a velocidade média de download do 5G no Brasil está em torno de 450 Mbps, número que posiciona o Brasil como um dos países com a maior velocidade de download do 5G. E a entrada da nova rede em 2022 fez o Brasil subir da 80ª para a 45ª posição no ranking mundial de velocidade de download considerando todas as tecnologias (3G, 4G e 5G).
O 5G é fundamental para a chamada "economia 4.0", revolução tecnológica que poderá acelerar novos hábitos de consumo de mídia em todo o planeta. O rádio, que já experimenta um avanço de seu alcance digital através de várias iniciativas on-line, impulsionadas pela maior oferta de conexão por parte de ouvintes e também de dispositivos disponíveis (como smartphones e smart speakers), é um grande interessado nesse processo.
O streaming de rádio, impulsionado pela expansão digital, já serve de parâmetro para o trabalho executado no dial. De acordo com a Kantar IBOPE Media, no Brasil o digital tem agregado, em média, 35% de alcance ao consumo no dial, considerando as estações que estão no top 10 da plataforma Extended Radio, ambiente que monitora e afere o consumo de rádio nos ambientes on e offline.
A qualidade técnica avança, assim como o uso de todos os recursos disponíveis ao streaming. É possível constatar em plataformas agregadoras de rádio, como o tudo.radio e o App tudoradio.com, que a experiência do usuário foi aprimorada pelas próprias estações, que passaram a cuidar da qualidade do áudio disponibilizado via streaming e até a geração de conteúdos adicionais por esses canais enquanto o dial cumpre obrigações específicas, como horários políticos e Voz do Brasil, mantendo o ouvinte engajado com o perfil da rádio durante toda a geração de áudio ao vivo.
"Além de todas as vantagens que proporciona em termos tecnológicos, o streaming não é afetado pelas amarras legais do rádio convencional. Como se sabe, a radiodifusão é altamente regulada. Já pela web, não é necessário, por exemplo, transmitir a Voz do Brasil ou cumprir o limite de tempo para publicidade. O streaming, portanto, permite que a emissora aumente a produção de conteúdo e a entrega para os anunciantes", destaca Fernando Morgado, consultor de rádio.
"Conforme já abordei nos meus artigos para o tudoradio.com, o streaming complementa e amplia a experiência proporcionada pelo dial. Além disso, permite a adição de novos recursos, como textos e imagens. Tudo isso acaba por impulsionar o consumo de áudio via internet, especialmente entre os mais jovens", afirma Morgado.
Com alta velocidade, boa cobertura e baixa latência do 5G, usuários já cogitam até abandonar planos de banda larga e ficar apenas com a rede móvel. Mas como isso afeta o rádio? Esse cenário abre uma janela de oportunidades para o crescimento digital das emissoras, mas também traz desafios.
O rádio também pode experimentar benefícios operacionais através do avanço da conectividade e novas formas de ganhos, como o crescimento do mercado programático através do áudio digital e o fortalecimento de iniciativas como o rádio híbrido, que combina os pontos fortes da operação via dial (FM/AM) com streaming (e outros dados oferecidos pelas estações).
Repórter: TudoRádio