Novos formatos e tendências estadunidenses podem impactar o rádio brasileiro
17/07/2024
O portal norte-americano Inside Radio realizou uma análise mês a mês da variação de audiência por formatos de rádio nos Estados Unidos, com o objetivo de identificar tendências. Essas movimentações podem interessar algumas estações brasileiras, já que alguns formatos como Pop CHR, HOT AC (estes dois mesclas de rádios jovem/pop e jovem/adulto por aqui) e adulto-contemporâneo possuem uma base musical muito semelhante ao que é trabalhado internacionalmente. Ou seja, se artistas globais impactam positivamente a audiência dessas rádios, é possível ver o mesmo efeito por aqui. De qualquer forma, o adulto-contemporâneo (AC) segue liderando entre as principais demografias, mantendo ainda uma tendência de alta em seu consumo, apesar de uma aparente desaceleração.
O AC, adulto-contemporâneo, apresenta variações em relação às rádios brasileiras desse formato, onde em alguns horários as rádios americanas costumam apostar em hits mais atuais e, às vezes, de batida mais rápida para compor suas grades, além de mudanças na linguagem. Esse movimento também é acompanhado de forma progressiva por várias FMs brasileiras. Nos EUA, esse gênero continua liderando entre as principais demografias — 18-34, 18-49 e 25-54 anos — ainda em crescimento, embora de forma mais lenta. O aumento mais notável foi na faixa de 18-34 anos, com a participação subindo de forma constante de 2022 a 2024 (8,0-8,3-8,6).
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Por outro lado, o formato news/talk, que sempre foi o mais popular entre ouvintes com 6 anos ou mais, está em declínio em todas as demografias desde o primeiro semestre de 2022, com uma queda de 11% em 6+ (11,0-10,0-9,8) e uma diminuição significativa de 32% entre os jovens de 18-34 anos (5,0-4,0-3,4). Isso chama a atenção pelo fato de que 2024 é um período eleitoral importante nos Estados Unidos, algo que normalmente impulsiona esse tipo de rádio. Essa esperada alta já aconteceu no Brasil, com destaque para o ciclo eleitoral de 2022.
O Pop CHR, segundo colocado entre as faixas de 18-34, 18-49 e 25-54, apresentou uma queda anual nas participações, especialmente entre os jovens de 18-34 anos, com uma redução de 14% (8,4-7,8-7,2). Contudo, houve um aumento significativo nas participações desde janeiro em 6+, 18-49 e 25-54, sugerindo que músicas de novos artistas como Sabrina Carpenter, Teddy Swims e Benson Boone estão reconquistando ouvintes. Esses artistas também estão nas playlists de FMs brasileiras, em formatos adulto-contemporâneo, jovem/pop, jovem/hits e jovem/adulto-pop.
O country, outro formato que se destaca entre os cinco primeiros em todas as demografias, teve um aumento de participação no primeiro semestre de 2023, especialmente na faixa de 25-54 anos, devido a novas músicas de artistas como Morgan Wallen e Luke Combs. No entanto, as participações caíram de janeiro a junho de 2024. O crescimento sazonal observado em 2022 e 2023 pode ter influenciado o aumento de 0,03 em 6+, de acordo com o Inside Radio. Curiosamente, artistas como Luke Combs também estão nas grades de rádios Pop CHR nos EUA, assim como em rádios popular/hits, adulto-contemporâneo, jovem/pop e jovem/adulto-pop no Brasil.
Formatos que cresceram em 2024 até o momento nos EUA incluem o cristão contemporâneo, esportes, rock/alternativo e Classic Hits. Formatos com variações incluem AC urbano, contemporâneo urbano, CHR rítmico, contemporâneo espanhol e mexicano regional espanhol, de acordo com o Inside Radio, que utilizou dados da Nielsen PPM, cobrindo o período de segunda a domingo, das 6h à meia-noite, de janeiro a junho, comparando o mesmo intervalo de meses de 2022, 2023 e 2024.
O peso da música para o rádio
As análises sugerem que a música continua sendo um elemento vital para o rádio, atraindo e mantendo a audiência, além de definir a identidade das estações e formatos. O crescimento de determinados formatos de rádio é impulsionado por artistas e músicas específicas, como observado no impacto positivo de Sabrina Carpenter no formato Pop CHR. Mesmo em um ano eleitoral nos Estados Unidos, o aumento da audiência continua em formatos como AC, refletindo a capacidade das playlists mais amplas de incluir músicas de alta qualidade de diferentes décadas. Isso destaca a importância de uma curadoria musical abrangente para manter a relevância e o interesse dos ouvintes.
Variações entre os formatos de rádio nos EUA. (Crédito: Inside Radio e Nielsen Audio)
E no Brasil?
Os formatos populares seguem predominantes no rádio brasileiro, sendo donos dos maiores volumes de audiência nas principais praças do país, inclusive com a estação de maior alcance e média de ouvintes por minuto do Brasil, que é a FM O Dia FM 100.5 do Rio de Janeiro, e a Band FM 96.1 de São Paulo, dona do segundo maior total de ouvintes únicos do país. Existem muitas variações dentro do que é considerado popular, o que amplia significativamente o interesse pelas estações e sua concentração de audiência em praticamente todo o país.
Recentemente, o tudoradio.com também destacou o cenário musical atual no rádio brasileiro, através do levantamento Top 100 Crowley, da Crowley Broadcast Analysis. Os dados do primeiro semestre de 2024 mostram que 70 das 100 músicas mais tocadas pelo rádio brasileiro são versões ao vivo, resultado de uma tendência dos gêneros sertanejo, pagode, entre outros considerados populares. O volume de execuções desses perfis mostra como o rádio brasileiro segue baseado em formatos populares, tanto nas capitais quanto no interior. E a grande inclusão de músicas ao vivo no FM pode afetar o desempenho de audiência dessas estações.
Também é observado um aumento de participação do adulto-contemporâneo brasileiro, principalmente em praças de grande porte. Rádios como Alpha FM 101.7 de São Paulo, JB FM 99.9 do Rio de Janeiro, Antena 1 FM 94.7 de São Paulo (e suas emissoras em Brasília, Campinas e Sorocaba), GFM 90.1 de Salvador, Alvorada FM 94.9 de Belo Horizonte e Saudade FM 99.7 de Santos são os exemplos mais claros dessa tendência nas medições recentes, gênero que também conta com outras FMs importantes que obtiveram resultados expressivos nos últimos anos.
Repórter: TudoRádio