Migrações serão consequência do desligamento de sinais analógicos da Globo e do SBT
14/08/2024Sergio Antonio Ribeiro, da Sky, e Fábio Alencar, da SES, no Pay-TV Forum 2024. (Foto: Marcos Mesquita Fotografia)
A expectativa dos players de satélites é que aproximadamente 3 milhões de lares migrem para as transmissões de TV aberta via satélite (TVRO) nos próximos meses, impactados pelo desligamento dos sinais analógicos da Globo e do SBT na Banda C na próxima segunda-feira, 19. Segundo Yvan Cabral, fundador da Vivensis, apenas o anúncio do desligamento foi suficiente para alavancar em 20% a demanda por equipamentos de recepção em banda Ku digital no varejo, que agora já totalizam 10,3 milhões equipamentos instalados. A transição da banda C analógica para a banda Ku digital é parte do processo de limpeza da faixa de 3,5 GHz, estabelecido no leilão de 5G.
A projeção do setor é que a base de equipamentos TVRO instalados chegue a 18 milhões até o fim do programa Siga Antenado. Considerando apenas um equipamento por lar, o alcance do satélite aberto digital será de cerca de 50 milhões de pessoas. A base da TV por assinatura via satélite, para se ter uma ideia, era de 5,4 milhões de lares em junho, segundo dados da Anatel.
Em painel do PAYTV Forum 2024, realizado por TELA VIVA e TELETIME nestas segunda e terça, Sergio Antonio Ribeiro, vice-presidente de vendas e operações da Sky, estimou que metade da base TVRO será beneficiada da política pública de troca dos equipamentos analógicos para os digitais, enquanto a outra metade está bancando a troca de equipamentos. Já os números estimados pelo Gaispi projetam cerca de 5 milhões de kits gratuitos.
A TVRO está disponível atualmente em dois satélites, o SAT HD Regional, que utiliza o satélite StarOne D2, que é o satélite oficial utilizado para a política pública de migração; e o Nova Parabólica, que é marca da Sky e utiliza o satélite Sky Brasil 1. Em torno de 80 canais estão embarcados em ambos os satélites, basicamente os mesmo, com algum diferencial para cada.
Segundo o executivo da Sky, a operadora segue oferecendo espaço no seu satélite para novos canais, não necessariamente oriundos da radiodifusão, e a empresa pretende manter ativo o produto pois vê oportunidade de migrar usuários para assinantes pagos.
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Além de emissoras e grupos de mídia regionais, também detentores de conteúdo, igrejas e partidos políticos buscam espaço para ter acesso à base potencial dos satélites. Esse tipo de acesso gerou polêmica e é um dos entraves na discussão sobre uma possível regulação, limitando o acesso aos detentores de licenças de radiodifusão.
Segundo apurou este noticiário, já existe uma definição do Ministério das Comunicações sobre como será a regulamentação e a proposta foi levada à Casa Civil. Um decreto com a regulamentação é esperado para os próximos dias, mas a ideia não é estabelecer já um limite para quem poderá estar no satélite, apenas exigir que seja um outorgado de radiodifusão.
TV paga
Ribeiro apontou no evento que o Brasil tem característica ideal para o DTH. A Sky, conta ele, tem clientes em 99% dos municípios brasileiros, graças à capilaridade do serviço. "Temos o grande desafio da pirataria, mas, se minimizarmos os impactos, o DTH é uma tecnologia que tem um bom espaço de crescimento", disse o executivo.
Segundo o executivo da Sky, além da cobertura, a robustez do sinal é um diferencial do satélite. "Temos, nesse momento, que agregar outros serviços à TV paga por satélite, como o Sky+, que garante que o assinante possa assistir TV em outros lugares além de onde tem a antena", diz.
Fábio Alencar, vice-presidente regional de vendas enterprise e cloud da SES, diz que o serviço de DTH será relevante no Brasil por muito tempo, graças a esta capilaridade. "Temos que nos reinventar, mas o sucesso da migração da banda C para Ku mostra isso. A instalação segue em dezenas de milhares por mês", diz.
Ele defendeu, também, que o governo assegure que a TVRO possa ser oferecida por qualquer satélite, a fim de se evitar o surgimento de uma única posição orbital utilizada para os serviços.
Para Alencar, cabe às prestadoras do serviço satelital encontrar maneiras de garantir a usabilidade buscada pelo consumidor moderno, bem como uma precificação adequada ao momento da TV por assinatura. "Temos que buscar novas formas de interagir, tratar custo e buscar receitas. Mas, como fornecedores da capacidade, enxergamos formas de encarar esses desafios", diz o executivo da SES.
Por fim, Alencar aponta que os satélites são a formas mais eficiente de fazer a distribuição do vídeo, mas precisa ter um canal de retorno para atender a demanda atual. "O cliente quer ter a interação da forma mais dinâmica possível", explica.
Repórter: TelaViva