RDS passa a ser explorado de diferentes formas por novos receptores; rádios devem ficar atentas às mudanças

Radio Data System é serviço fundamental em receptores automotivos atualmente

06/11/2024



O RDS (Radio Data System), que envia mensagens curtas de texto aos receptores em FM dos ouvintes, não é exatamente uma novidade para o setor. Longe disso: os primeiros usos comerciais mais disseminados da tecnologia no Brasil aconteceram no começo dos anos 2000, quando o recurso estava restrito a poucos receptores automotivos, geralmente de marcas mais caras. Ao longo das últimas duas décadas, o RDS passou por dois processos importantes: ganhou escala com os FMs nos smartphones e hoje é um serviço essencial nos receptores automotivos. Ele evoluiu de forma tão expressiva devido ao aprimoramento dos receptores, fato que gera uma série de pontos de atenção para os radiodifusores.

Primeiro, é importante observar como está a evolução desse sistema nos receptores atuais: com telas cada vez maiores e interativas, as montadoras e a indústria relacionada buscam explorar o máximo de recursos possíveis para oferecer ao usuário, e o RDS passa a ser um importante aliado no aprimoramento da experiência de se escutar rádio. Ou seja, essas telas querem e desejam que esses textos estejam disponíveis, oferecendo algo além do áudio, que continua sendo o principal foco. Para isso, a indústria tem optado por uma série de configurações que necessitam da atenção das emissoras de rádio.

O uso do famoso “oito caracteres”, ou seja, o PS (Programme service), já virou norma como “nome da estação”. Inclusive, alguns receptores portáteis e automotivos indicam essa função como “Name”, ou seja, o nome da emissora. Para se ter uma ideia desse uso, praticamente todos os receptores automotivos novos, sejam de modelos de entrada ou premium, exibem listas de frequências com os respectivos nomes das emissoras via RDS. A emissora que não configura o PS com o nome fixo pode perder a atenção nesta vitrine, onde alguns sistemas multimídia novos (como os da BYD, especialmente nos modelos a partir de 2024) substituem a frequência pelo nome (PS) da estação. Ou seja, se ele não estiver configurado corretamente, outra informação será mostrada.

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Parece pouco, mas não é: imagine em um carro por aplicativo. A tela do rádio exposta mostra os nomes, virando até um potencial “outdoor” da emissora, ainda mais vital para aquelas que são novidades no dial FM. E a medição de audiência via dial é recall no Brasil, ou seja, lembrança de marca. Em resumo: o nome da emissora em primeiro plano acaba sendo vital na batalha pela audiência entre outras rádios e até outros formatos de mídia.

E os demais recursos? Boa parte das mensagens precisam ir para o RT (Radio Text), de 64 caracteres. Após a emissora ser sintonizada, é essa função que aparece em primeiro plano, de forma automática. E é aí que o ouvinte terá a melhor experiência possível: nome de músicas, do programa que está no ar, informações para participar da programação, mensagens publicitárias e, é claro, em algum momento, o nome da emissora novamente. Esse é o formato padrão em outros países, e os receptores seguem isso. Essa é também a recomendação feita ano após ano pela NAB no NAB Show, pois há uma disputa pela melhor experiência de telas na concorrência com outras plataformas de áudio.

Ter um código RDS configurado corretamente após a instalação do sistema, o PI (Programme Identification), sem utilizar o número padrão do fabricante, é fundamental. A maioria dos receptores automotivos tem memória. Ou seja, se o ouvinte sintonizar uma rádio X pela primeira vez e memorizar o nome, toda vez que ele encontrar qualquer rádio com o mesmo código, exibirá o nome daquela primeira rádio sintonizada. Mesmo que o dial esteja na rádio Y ou Z, sempre mostrará o nome ou o texto PS da X. Esse caso não é raro, e o ouvinte dificilmente conseguirá resetar essa informação memorizada.

Um pouco mais complicado é o fato de que os códigos de formatos de rádio (gêneros) variam conforme o país de origem do equipamento. Por isso, o tudoradio.com já recomendou o uso do código de formato (PTY - Programme Type) mais próximo entre os dois padrões. Alguns receptores automotivos colocam o formato da rádio em primeiro plano na arte exibida sobre a emissora no display. E, como a busca é pela melhor experiência possível para o ouvinte, esses detalhes são importantes.

Importante considerar que a oferta de receptores evolui rapidamente, cada vez mais disseminados na população. E, conforme a competição entre montadoras automotivas se intensifica no Brasil, mais urgente é a necessidade de se cuidar desses elementos, especialmente o RDS.

RDS: É oportunidade, não obstáculo

Dito isso, se o radiodifusor achar esse cenário complicado e preferir não contar com o RDS, talvez esse seja o pior cenário. Comparado a outras FMs, sua emissora pode parecer tecnicamente inferior. Pior: pode dar a impressão de que o rádio é tecnologicamente ultrapassado em relação a uma plataforma de música, que explora bem todos os seus metadados de texto disponíveis, mesmo em conexões mais simples de Bluetooth. E mais: pode deixar de explorar os recursos que os receptores estão investindo. Em casos mais drásticos, já existem rádios FM que não listam sinais em FM sem RDS, e alguns sistemas as colocam no fim da lista.

De qualquer forma, esse cenário é encarado como uma oportunidade para os radiodifusores. O ecossistema está evoluindo e segue carregando o rádio e suas tecnologias já existentes, mesmo para transmissões analógicas, como é o caso do FM. Existem várias pesquisas que mostram que o uso desses dados amplia o engajamento da audiência com o conteúdo da rádio e com suas respectivas mensagens publicitárias, tornando-se uma ferramenta importante para as emissoras em suas atividades comerciais.

Tudo isso também se aplica aos metadados, que não são exclusivos das plataformas de streaming musicais. O tudoradio.com já abordou isso diversas vezes. Tratam-se dos dados em texto e imagem carregados diretamente no streaming de áudio das emissoras. A lógica é rigorosamente a mesma do RDS em sua forma de apresentação nos dispositivos. Mais ainda: esse serviço atinge uma ampla gama de dispositivos conectados, desde celulares até caixas de som inteligentes. Ou seja, é outro ponto fundamental para auxiliar o rádio a se mostrar tão tecnológico e moderno quanto qualquer outra plataforma de mídia.

É claro que cartilhas de qualidade sonora (outro ponto afetado pela evolução dos receptores e dos dispositivos conectados), sinal de qualidade (para o dial), estabilidade de conexão (para o streaming), entre outros aspectos, são elementos cuja importância nem precisa ser debatida. Pois o RDS e os metadados são as vitrines e complementos em texto/imagem que enriquecem essa experiência positiva em áudio, que, naturalmente, tem como base o conteúdo relevante e de qualidade.

Em um ecossistema de intensa evolução e disputa pelo tempo das pessoas, todos os detalhes contam.

Repórter: TudoRádio

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