Streaming ainda não iguala radiodifusão em distribuição de conteúdo

Avaliação é a da Globo que aposta na TV 3.0

20/02/2025


Marcelo Bechara, diretor de assuntos institucionais da Globo. Foto: Marcos Mesquita/TELETIME

Para o diretor de assuntos institucionais da Globo, Marcelo Bechara, os serviços de streaming ainda não conseguem igualar a capacidade da radiodifusão quando o assunto é distribuição de conteúdo em larga escala. Segundo ele, enquanto a televisão aberta alcança milhões de pessoas simultaneamente sem interrupções, o streaming ainda enfrenta limitações técnicas e operacionais que dificultam as transmissões para a grande massa.

"Com a tecnologia de hoje, não existe plataforma de distribuição de conteúdo audiovisual de massa que consiga fazer isso com eficiência e com capacidade da rádiodifusão", afirmou Bechara. De acordo com ele, a TV pode utilizar uma única antena para transmitir o sinal para milhões de telespectadores, enquanto o streaming depende de uma complexa infraestrutura de Internet, que envolve custos de rede, processamento e data centers. Estas são algumas das razões, segundo ele, pelas quais o modelo de radiodifusão 3.0 é importante para o Brasil.

De acordo com o executivo, o streaming ainda é uma ferramenta mais adequada para os vídeos sob demanda – de modo que ele enfrenta problemas para transmitir ao vivo e sem delay para milhões de pessoas. Ele citou, como exemplo, a final da última edição do Big Brother Brasil. O reality show é transmitido ao vivo na TV e na plataforma Globoplay. No entanto, devido ao alto número de espectadores, a transmissão pelo serviço enfrentou instabilidades – que não foram percebidas por aqueles que assistiram ao programa pela TV aberta.

As instabilidades apontadas por Bechara também ocorrem em outras plataformas de streaming disponíveis no mercado. Em transmissões de eventos esportivos ou premiações, por exemplo, o serviço pode sofrer com lentidões e até quedas durante picos expressivos de audiência.

TV 3.0

Bechara ressaltou que a televisão aberta, especialmente com a chegada da TV 3.0, mantém vantagens como a transmissão sem delay e a capacidade de alcançar grandes audiências de forma estável e eficiente. Mas o diretor também admitiu que o primeiro contato dele com esse formato foi marcado por uma certa "dúvida" em relação à necessidade da tecnologia. Ainda assim, o executivo afirma que a TV 3.0 representa uma revolução ainda maior do que aquela obtida com a 2.0. Isso porque, além da promessa maior de interatividade entre o espectador e a programação, a nova tecnologia vai permitir novos modelos de negócio.

Regulação

Secretário de comunicação social eletrônica do Ministério das Comunicações (MCom), Wilson Diniz Wellisch afirmou que a regulação da radiodifusão no Brasil é muito mais rígida do que as regras aplicadas às plataformas de streaming. "Os radiodifusores têm que se relacionar com uma grande quantidade de órgãos: com o Ministério das Comunicações na parte da regulação e políticas públicas, com a Anatel na parte de espectro, com o Ministério da Justiça, com a Senacom [Secretaria Nacional do Consumidor], Secretaria de Políticas Digitais da Presidência da República e Ancine", explicou.

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Na avaliação do secretário, todo esse controle mostra a importância da radiodifusão brasileira na sociedade. "Mas ela realmente sofre hoje com essa assimetria regulatória em relação a outros meios e mídias do ambiente digital, que muitas vezes se valem das próprias matérias e materiais que são produzidos pela radiodifusão para fazer impulsionamento dos seus conteúdos", afirmou Wilson Diniz Wellisch.

Repórter: Telaviva

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