ACAERT prestigiou o evento
02/06/2025
Autoridades francesas e brasileiras participaram do evento da ABERT
Mais de 60 empresários de rádio e TV, representantes de associações estaduais de radiodifusão, autoridades políticas e renomadas personalidades do Brasil e da França participaram, nesta segunda-feira (2), em Paris (França), do 1º Seminário Franco-Brasileiro de Rádio e Televisão. Promovido pela ABERT, com o apoio da Embaixada Brasileira em Paris e da Associação Internacional de Radiodifusão (AIR), o evento debateu a competição na indústria de mídia e a necessidade de regras simétricas no enquadramento legal das gigantes de tecnologia que atuam como veículos de comunicação no setor de produção e distribuição de conteúdo, a responsabilização das plataformas digitais pela divulgação de notícias falsas na Internet e as regras que regulamentam os serviços digitais, e os impactos da Inteligência Artificial no jornalismo profissional. O presidente da ACAERT, Fábio Bigolin, participou do evento.
Ao dar as boas-vindas, o presidente da ABERT, Flávio Lara Resende, destacou que as big techs atuam como empresas profissionais de mídia, concorrendo com as emissoras de radiodifusão pelo mercado publicitário, de forma direta e sem qualquer regulamentação."É preciso que as empresas de tecnologia, as plataformas digitais que exercem grande influência sobre o conteúdo midiático, tenham regras mais simétricas em relação ao setor de mídia", disse Lara Resende.
Na abertura, o embaixador do Brasil em Paris, Ricardo Neiva Tavares, destacou a Temporada Brasil-França, com as comemorações dos 200 anos de relações bilaterais entre os dois países e a parceria no combate à desinformação. “Este fórum é um espaço para refletirmos sobre os novos desafios da radiodifusão em ambiente midiático profundamente transformado pelas tecnologias digitais, mas no qual a confiança do público permanece ativo fundamental”.
DEMOCRACIA - conselheiro da ABERT e presidente da AIR (Associação Internacional de Radiodifusão), Paulo Tonet Camargo, ressaltou a necessidade de uma legislação sobre plataformas e novas tecnologias digitais em defesa da liberdade de expressão e democracia.Para Tonet, "a liberdade é uma face da mesma moeda da responsabilidade e neste país que funda a liberdade do mundo moderno, “liberté, égalité,fraternité”, este é um lema que nós, jornalistas, que nós, empresários de radiodifusão, levamos mundo afora”.
Já o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, destacou a retomada do julgamento do artigo 19 do Marco Civil da Internet, na quarta-feira, pelo Supremo Tribunal Federal. Também na abertura do evento, o ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho, lembrou as semelhanças entre a radiodifusão na França e no Brasil. “Em ambos os países, o setor desempenhou, e ainda desempenha, um papel fundamental na formação da identidade nacional, como importante meio de informação de qualidade, cultura, entretenimento e educação para grande parte da população. A título de exemplo, no Brasil, país com dimensão continental, a radiodifusão contribuiu de forma fundamental para a unificação da nossa língua”, afirmou.
O painel sobre "O novo cenário de competição da
indústria de mídia: assimetrias, marco regulatório das big techs e outras
iniciativas" foi mediado por Tonet e teve a participação da secretária
geral adjunta da France Télévisions, Livia Saurin, do diretor geral da RMC/BFM,
Benoit Tournebize, e da conselheira da Agência Nacional de Telecomunicações do
Brasil (Anatel), Cristiana Camarate. Em abril, as empresas de mídia francesas
moveram um processo contra a Meta por práticas comerciais desleais no mercado
de publicidade digital. Embora alegando não poder dar detalhes, os debatedores
franceses, que demandaram o processo, disseram que é necessário definir
direitos, que as plataformas não são inimigas e que o compartilhamento dos
valores do mercado publicitário deve ser justo e equilibrado.
Palestrante do painel sobre os desafios da liberdade de expressão na economia digital, o ministro Gilmar Mendes ressaltou que “a desagregação política no discurso online não é um efeito colateral da atuação das plataformas, mas sim um elemento crítico dos seus modelos de negócios”. Segundo o ministro, “os algoritmos das redes sociais, em seu processo de otimização para maximização do engajamento, internalizaram uma lógica perversa: conteúdos divisivos e polarizadores são sistematicamente os que mais geram interação entre os usuários. Essa descoberta não é fortuita, mas decorre de uma característica fundamental da psicologia humana que privilegia respostas emocionais intensas a estímulos controvertidos”, afirmou.
Já o debate sobre "Economia digital e desinformação: desafios do jornalismo profissional” foi mediado por Lara Resende e teve a participação do editor-chefe de notícias internacionais do Grupo TF1 LCI, Grégory Philipps, da presidente da France Médias Monde, Marie-Christine Saragosse, e do secretário de Comunicação Social Eletrônica do Ministério das Comunicações, Wilson Wellisch.
Saragosse criticou fortemente a Meta e a maneira como a gigante de tecnologia atua junto aos veículos de comunicação. “O ministro (Gilmar Mendes) falou de uma fratura na sociedade, quando a informação é mal utilizada. Muitos usam a informação como arma mortal. Temos um conflito aberto em vários países e a arma mais poderosa é a informação em sociedades democráticas que podem ruir. Tudo é feito para marginalizar a mídia, toda utilização opaca dos algoritmos. A Meta faz muito isso”.
Ele criticou a demora de alguns países na conclusão das
discussões e adoção de medidas eficazes no combate à desinformação.
Também prestigiaram o encontro em Paris, o diretor geral da ABERT, Cristiano Lobato Flôres, a diretora de Comunicação, Teresa Azevedo, o diretor de Assuntos Legais e Regulatórios, Rodolfo Salema, o conselheiro Vicente Jorge, além dos presidentes das associações estaduais de radiodifusão Luiz Arthur Abi Chedid (AESP), Rodrigo Martinez (AERP), Fábio Bigolin (ACAERT) e José Antonio do Nascimento Brito (MIDIACOMRJ), Ivaldir Peracchi (SERT-PR) e o representante da Rede Vida, Marcelo Monteiro.
Da esq. p/direita - Marcelo de Barros (Aesp), Rodrigo Martinez (pres. Aerp), Ivaldir Peracchi (pres. Sert/PR), Fábio Bigolin (pres. ACAERT) e Luiz Chedid (pres. Aesp)
Veja a galeria de fotos/Divulgação ABERT -
Repórter: Abert