<IMG alt="" hspace=3 src="http://www.acaert.com.br/images/stories/act-310707-01.jpg" align=left vspace=3 border=0>No dia 2 de agosto será lançado o livro "CBN Diário: uma luz no apagão", dos jornalistas Carol Denardi e Ricardo Medeiros, que aborda a cobertura da Rádio CBN durante o blecaute na Ilha de Santa Catarina, ocorrido em 2003. A edição é uma parceria entre a Editora Insular e Associação Catarinense de Imprensa - Casa do Jornalista, com o apoio da Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e Televisão, Acaert.
31/07/2007O lançamento está marcado para as 19 horas no Espaço Cultural Jerônimo Coelho, na Assembléia Legislativa de Santa Catarina.
A Rádio CBN Diário entra para a história da cobertura jornalística no dia 29 de outubro de 2003, uma quarta-feira, quando acontece um apagão na Ilha de Santa Catarina. No início da tarde, numa das galerias da Ponte Colombo Salles, há uma explosão que provoca o rompimento de um cabo de transmissão de energia elétrica que abastece a parte insular da cidade. A partir deste momento a Central Brasileira de Notícias coloca a sua equipe a postos cobrindo o episódio e seus desdobramentos, através de relatos, serviços, entrevistas, matérias e abrindo espaço para a população de mais de 300 mil pessoas que ficam às escuras. A estação é sintonizada em rádios à pilha ou de carros, no período, tornando-se o grande meio de comunicação para quem busca informação e orientação na escuridão. A CBN é ágil e imediata, sendo o seu trabalho reconhecido pelos habitantes da Capital Catarinense, bem como via diversos prêmios.
São 55 horas ininterruptas de transmissão até o restabelecimento da energia na Ilha de Santa Catarina, na sexta-feira, dia 31 de outubro.
Inclusive, no primeiro dia de blecaute, a emissora ganha autorização do Governo Federal para não apresentar a Voz do Brasil para que possa continuar a servir como veículo de informação para a comunidade da Grande Florianópolis. No sábado, quando a cidade passa por um novo apagão, das 19 horas até quase 23 horas, a emissora concentra-se novamente no assunto, bem como das 6h às 9 horas de domingo, período em que a Celesc, Centrais Elétricas de Santa Catarina, desativa a energia elétrica para reparos na rede.
Num primeiro momento, a emissora faz o registro da tragédia, enfocando a explosão na ponte e o mergulho ao mar de dois técnicos da Celesc, que estavam no local fazendo reparos no sistema. Relata também o congestionamento de veículos e o caos que se estabelece na cidade.
Depois, a rádio passa a orientar a população sobre os mais diferentes assuntos. Fala sobre o cancelamento das aulas e do conselho da Secretaria Estadual de Saúde para que as pessoas se dirijam de preferência aos hospitais da região continental. A estação tranqüiliza ainda os habitantes informando que a polícia militar reforçou a segurança pública. Na Rádio CBN Diário, durante o blecaute, há um jogo de vozes de repórteres dos vários pontos da cidade, dos ouvintes, das fontes oficiais e de dois âncoras ao mesmo tempo comandando a transmissão. Tudo isso propicia um enriquecimento da cobertura. O rádio desperta o imaginário do público.
Em situações catastróficas é mostrado o poder do rádio de servir à população. Como conseqüência vem o reconhecimento. Assim como a Jovem Pan de São Paulo recebe o prêmio Esso de Jornalismo pelo trabalho no incêndio do Edifico Joelma, em 1974 a CBN Diário é contemplada em 2003 com vários prêmios pela cobertura do apagão. Um deles é o Top de Marketing que a estação recebe da ADVB/SC ? Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing de Santa Catarina. Para a realização do livro foram feitas 18 entrevistas, entre as quais seis com jornalistas da CBN Diário que cobriram o blecaute. São eles: o Coordenador de Jornalismo e Esporte da emissora, Carlos Alberto Ferreira, o âncora Mário Motta, além dos repórteres Antônio Neto, Denise Coelho, Helton Luiz e Rodrigo Faraco.
Três outras pessoas foram fundamentais para o embasamento da obra, como é o caso do Engenherio da Celesc, Eduardo Carvalho Sitônio, que comandou toda a operação para restabelecer a energia elétrica na Ilha de Santa Catarina. São igualmente valiosos os depoimentos do Sargento do GBS do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, Arno Roberto Zluhan, e do Tenente Coronel da PM, Vânio Luiz Dalmarco, que na época do apagão era chefe da central de emergência 190.
Nove testemunhos vieram de ouvintes que acompanharam e participaram da programação da CBN Diário naquele episódio ou de pessoas ligadas a estabelecimentos comerciais que se encarregaram de vender à população velas, fósforos, pilhas e lanternas.A audição da gravação em CD de toda a cobertura da rádio igualmente contribuiu para orientar os autores do livro.
Algumas produções acadêmicas também serviram como base para o livro, dentre elas a de Carol Denardi: "A Voz da Rádio CBN Diário no apagão na Ilha de Santa Catarina", resultado, em 2005, do Curso de Especialização em Estudos de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina, com a orientação do Professor Doutor Eduardo Meditsch. Três Trabalhos de Conclusão de Curso da Universidade do Sul de Santa Catarina, Unisul, defendidos em 2004, permitiram igualmente aos autores ter uma noção do papel da CBN Diário no blecaute em Florianópolis. Luiz Geraldo Frazili Gelle escreveu "Uma luz na escuridão: o desempenho do rádio na cobertura do apagão na Ilha de Santa Catarina", enquanto Luciana Costa Pons foi responsável por "Teoria do Agenda Setting: até que ponto esta pode influenciar a cobertura radiofônica nos episódios do apagão em outubro de 2003 em Florianópolis e do ciclone Catarina em março de 2004 na região sul de Santa Catarina?". Guido Schvartzman e Leonardo Caldas Vargas idealizaram "Apagão", um Projeto Experimental de Rádio.
A então Rádio Diário da Manhã de Florianópolis, do grupo RBS, filia-se à Central Brasileira de Notícias e torna-se CBN Diário no dia 11 de abril de 1996. A programação é dirigida na época às classes A e B, depois se ampliando para C e D através do esporte. "A Rádio CBN Diário é referência em radiojornalismo e na cobertura esportiva da Grande Florianópolis, destacando-se na transmissão das principais competições do país", salienta o Coordenador da emissora, Carlos Alberto Ferreira. A rádio conta com 20 profissionais entre jornalistas e radialistas.
O início
A princípio ninguém se dá conta da gravidade da situação. Mas, à medida que as horas passam e a energia elétrica não volta, os jornalistas da CBN Diário começam a perceber que se trata de um problema de dimensões bem maiores. O Coordenador de Jornalismo da emissora, Carlos Alberto Ferreira, assinala que a princípio a notícia da falta de luz é dada como um fato corriqueiro. Mas "com o passar da tarde, e o trabalho da reportagem, percebemos o tamanho do estrago. Nem as autoridades tinham se dado conta da dimensão do dano que o incêndio provocou nos cabos que transmitiam energia do Continente para a Ilha de Santa Catarina".
De acordo com depoimento de Carlos Alberto, a emissora se dá conta da importância que exercia na vida de cada cidadão florianopolitano, a partir da intensidade de pedido de informações: "Com o aumento da demanda por informações, pela necessidade de ajuda, começamos a perceber que a repercussão daquilo que estávamos fazendo ajudaria pessoas que necessitavam de orientação, de informações precisas e serviço", declara. Um dos pilares da programação da CBN Diário sempre foi a utilidade pública e a prestação de Serviços, reforça o âncora da emissora Mário Motta. Ele narra que quando o retorno de fornecimento da energia elétrica parece ficar cada vez mais distante, maior torna-se a responsabilidade da rádio de informar e ajudar na solução dos problemas que aquele cotidiano está provocando. "Quando houve a confirmação técnica de que estávamos vivenciando um Apagão e que o momento da volta à normalidade era imprevisível, tiramos nossa programação rotineira do ar e passamos a cobrir exclusivamente o Apagão."
A CBN coloca a sua tropa de choque a serviço da informação e da solidariedade. A equipe é repartida de modo a circular em todas asfrentes e horários. As tarefas são distribuídas para os repórteres e a definição de entrevistados e a ligação para as fontes fica sob responsabilidade de um grupo formado por Carlos Alberto Ferreira, as produtoras Vera Maria e Stella Máris, com a ajuda de profissionais da TVCOM, emissora integrante do grupo RBS.
A emissora direciona repórteres setoristas para acompanhar dia e noite as reuniões, as ações em desenvolvimento e desta forma pressionar as autoridades a uma ação rápida para o retorno da energia. A rádio, relata Carlos Alberto, passa a ter certeza que esta no caminho certo, que presta um serviço de utilidade pública para a população envolta pela escuridão e dependente da voz deste meio de comunicação para saber as últimas novidades. A certeza de Carlos Alberto é ratificada através de uma pesquisa,entre os dias 10 e 12 de novembro de 2003, do Instituto Mapa de Florianópolis, que buscou avaliar a utilização dos veículos de comunicação durante os dias do blecaute. Na pesquisa, das 400 pessoas entrevistadas, 65% acompanharam as informações sobre o apagão pelo rádio. Quando o Instituto Mapa canalizou o questionamento apenas para os que moravam na Ilha, mais da metade, ou seja, 69% afirmaram que souberam das últimas notícias sobre o blecaute através deste veículo. Outro resultado da pesquisa apontou que entre os meios de comunicação, a Rádio CBN Diário foi o veículo mais procurado pelas pessoas da parte insular para obterem informações sobre o blecaute: 43 por cento dos entrevistados estavam ligados na CBN Diário, ou seja, 172 pessoas. Os demais estavam espalhados, sobretudo, por outras emissoras, tanto AM como FM.