Marcello Petrelli explica mudança de bandeira da Rede SC

<IMG style="WIDTH: 60px; HEIGHT: 60px" alt="" hspace=3 src="http://www.acaert.com.br/images/stories/marcelo-petrelli.jpg" align=right vspace=3 border=0>Em entrevista exclusiva para o site "Acontecendo Aqui" o vice-presidente da Rede SC, Marcello Petrelli, fala sobre a mudança da empresa para a TV Record, que passa a valer a partir de fevereiro de 2008.

05/11/2007

Marcello Petrelli, vice-presidente da Rede SC, conta aos leitores do AcontecendoAqui detalhes da operação que surpreendeu os meios político, empresarial, jornalístico e publicitário do Sul do Brasil, quando sua empresa ánunciou a troca da bandeira do SBT pela Tv Record.

AcontecendoAqui - Depois de 18 anos com o SBT, o que levou sua empresa a mudar de bandeira?

Marcello Petrelli - A história de nossa empresa é dividida em duas etapas. No final dos anos 70 minha família na pessoa do meu Pai era proprietária de uma empresa associada à antiga Cooligadas, e perdera a Globo. Como a Tupi havia falido, ficamos dois anos sustentando uma programação sem rede. Mas isso acabou não sendo viável, pois na época havia muita precariedade no setor, não havia videocassete, não tinha satélite, nada... Eles importavam os filmes e tinham que traduzir por conta própria. E com aquele formato vimos que o negócio não iria se sustentar. Então buscamos negócios no Paraná com uma concessão em Curitiba e outra em Cornélio Procópio, onde operávamos a TV Manchete. Algum tempo depois disputamos e ganhamos as concessões de Florianópolis e Chapecó. Percebemos que para Santa Catarina o futuro seria com o SBT. Por isso separamos a operação do Paraná e Santa Catarina. Lá virou Sistema Sul de Comunicação e aqui Sistema Catarinense de Comunicação, numa operação conjunta com o empresário Roberto Amaral (atualmente presidente da Rede TV Sul), quando incorporamos a TV Lages. De 12 anos pra cá assumimos a gestão da empresa e, com o desenvolvimento e o crescimento do SBT, optamos pela parceria com Silvio Santos.

AAqui - Havia também a Bandeirantes e a Manchete naquela época. Por que a opção pelo SBT?

MP - Porque víamos no SBT a segunda rede de comunicação no Brasil, algo tão desejado por todos os segmentos. As audiências de programas com o TJ Brasil, Aqui Agora, Serginho Groisman e outros, eram crescentes e, com isso, mostravam que o SBT tinha condições de ser uma rede competitiva com a Globo. Mas o SBT, num certo momento, se atrapalhou um pouco nesse processo de desenvolver um projeto mais organizado, com mais planejamento, melhor equipe... E, infelizmente, nos últimos dois anos vem sofrendo muito com essa questão da mudança de programação, falta de planejamento estratégico, e o mercado, hoje, profissionalizou-se tanto no campo nacional, quanto regional e local, com agências e anunciantes cada dia mais exigentes, que buscam resultados garantidos e que querem dos veículos um trabalho mais bem planejado com estratégias de médio e longo prazos, com programação constante, etc. A televisão foi reinventada. A era digital está batendo em nossas portas e o SBT, apesar de ser uma excelente marca e um bom produto, vem demonstrando no decorrer dos últimos dois anos uma fragilidade grande no sentido de dar sustentação para o nosso crescimento.

AAqui - E agora, o que fez sua empresa optar pela Record?

MP - Atualmente há uma competição muito acirrada pela audiência no meio TV e a expectativa é de ser ainda maior daqui por diante. A Record vem passando o SBT em alguns mercados e para nós estava muito claro que o modelo de comunicação implantado pelo SBT há 2 anos vinha se desenvolvendo sem nenhuma perspectiva de mudança no sentido de planejamento estratégico. Temos que reconhecer a excelência do Silvio Santos, um ícone da comunicação brasileira e um empresário de sucesso, mas falta à sua empresa uma estrutura de equipe de primeira linha, capaz de sustentar as audiências nos patamares anteriormente obtidos. E isso vinha impedindo darmos continuidade ao crescimento regional, posicionamento fundamental em Santa Catarina que, por seu ecletismo e economia descentralizada, exige uma comunicação regional.

AAqui - Essa característica de programação regional, que está no DNA da Rede SC, também faz parte do escopo das suas concorrentes.

MP - Exatamente. A RBS, por exemplo, tem uma planta boa com seis emissoras no Estado. E oferecer uma programação regional satisfatória significa ter uma estrutura elevada do custo. E o SBT não estava nos ajudando a dar sustentação nessa questão. Ou diminuímos a estrutura da empresa, demitindo gente, mudando propostas, mudando atendimento e serviços, perdendo com isso um ativo muito grande da Rede SC que é a sua programação regional, líder da audiência em Chapecó e Joinville e, até pouco tempo, em Florianópolis. Um ativo desses não se abre mão do dia pra noite. Então nossa alternativa foi partir para uma fusão, com a escolha de modelo moderno de gestão que permitisse o desenvolvimento de nossos projetos. A Record mostrou-se nos últimos dois anos ser uma empresa extremamente organizada, profissional, técnica, planejada, que sabe aonde quer chegar. E está investindo para isso. Esta é a razão da marca Record hoje ser a vice-líder, que está buscando novas alternativas, fazendo investimentos.

AAqui - A RIC no Paraná está nessa posição?

MP - Sim. No Paraná, nos últimos 6 meses a audiência cresceu e já somos, praticamente, o vice-líder no Estado. Por isso não havia motivo para ignorar essa oportunidade de atingirmos com a Rede SC em Santa Catarina a mesma posição que detemos com a RIC no Paraná.

AAqui - Comente sobre as marcas Rede SC e RIC e o novo posicionamento nos dois Estados.

MP - Estamos partindo para um projeto maior, mais profissional, de grande abrangência, atuando nos dois Estados apenas com a marca RIC e operando com a bandeira da Record. Dessa forma teremos um método só de trabalho com uma única marca, o que fortalece o relacionamento da nossa empresa no mercado nacional político, empresarial, social e publicitário. A partir de agora vamos atuar também em nossos escritórios de São Paulo e Brasília com uma única marca, com uma única bandeira, o que nos dá condições de atuar com estrutura mais enxuta e continuar os investimentos regionais.

AAqui - Esse negócio efetivado com a Record, dá a ela no Sul do Brasil, considerando os investimentos recentes realizados no Rio Grande do Sul, com a compra da Caldas Junior, um posicionamento estratégico importante para consolidar-se como segunda rede de comunicação no Sul do Brasil, com vantagem sobre a RBS que não tem posição no Paraná. O que o senhor diz a respeito?

MP - A Record é nossa sócia no Paraná com 30%, há mais de 12 anos. Uma sociedade muito bem construída, transparente, técnica e produtiva. Em Santa Catarina estamos efetivando uma afiliação que nos fez absorver as TVs de Itajaí e Xanxerê, atualmente pertencentes à Record. Com isso vamos cobrir o Estado todo através de seis plantas: Itajaí, Xanxerê, Joinville, Blumenau, Florianópolis e Chapecó. Para o Sul do Estado, estamos estudando a possibilidade de montarmos uma emissora em Criciúma, onde tínhamos um canal próprio para operar em parceria com terceiros. Na planta Record temos que reestudar essa parceria, se vai ser possível estarmos em Criciúma que, a principio, não está no processo. Com relação ao Sul do Brasil, é claro que vamos integrar a Record num contexto único, trabalhando em sinergia editorial, pois a Região tem uma grande identificação na colonização, desenvolvimento, no deslocamento do Sul. De nossa parte vamos buscar a integração oferecendo conteúdo ao telespectador dos três Estados para conquistar posições que consolidem o status de segundo maior grupo de comunicação do Sul do país.

AAqui - Recentemente o mercado comentou que a Record estaria negociando a compra do jornal O Estado. O fato de vocês terem jornais em Santa Catarina não inibiria, eventualmente, essa transação? Ou há planos de investimento conjunto no setor

MP - A nossa mudança para a Record é uma mudança clara, colocada pela Família Petrelli como gestores da Rede SC, futura RIC, procuramos um parceiro estratégico mais sólido, mais organizado e em franco desenvolvimento para nos dar sustentabilidade e nos ajudar a crescer. E a Record já deu demonstração que quer ajudar seus afiliados a crescerem. Ela trabalha de uma forma mais expressiva, presente, integrada a seus afiliados e nós temos essa experiência no Paraná. E isso, teremos em Santa Catarina também. É claro que essa operação vai ajudar a nossa planta de jornal, porque nós queremos conhecer a intimidade da gestão da Record e queremos que ela nos ajude no desenvolvimento dos jornais daqui. É uma planta da futura RIC, nessa filiação, que nós queremos cada vez mais integrar esse processo para instigar também essa planta de jornais.

AAqui - E com relação do jornal O Estado? Há planos para ele no atual estágio da sua Empresa?

MP - Nós temos uma amizade profunda com o Dr. Comelli, presidente do jornal O Estado. Uma consideração enorme e vontade de ajudar naquilo que for possível. Mas não temos nenhuma informação sobre a estratégia do jornal O Estado.

AAqui - Recentemente entrevistamos o Diretor da Record em SC, Anderson Silva, e ele nos falava sobre os investimentos de vulto que sua empresa estava fazendo em novos transmissores, linhas de transmissão, ilhas, câmeras etc. Qual a diferença entre a qualidade tecnológica da Record e a de sua empresa?

MP - Primeiro temos que considerar o trabalho excelente que o Anderson Silva fez na emissora aqui em Santa Catarina. Foi um trabalho excepcional sob o contexto regional. Foi uma demonstração clara de que a Record não mede esforços para auxiliar suas plantas. E nós vamos herdar uma planta tecnológica positiva e vamos correr atrás disso. Não conhecemos ainda a planta tecnológica das emissoras de Itajaí, Xanxerê e Florianópolis. Mas a tendência é igualarmos a tecnologias delas todas. Nossa preocupação é grande nessa área de tecnologia de futuro com essa questão do digital que faz surgir nova concorrência como a TV no celular, Internet etc. Isso vai exigir um planejamento estratégico muito forte, com muito investimento e para nós, estar na Record, é ter expectativa desses desenvolvimentos. A Record já tem tecnologia e equipamentos de última geração, está presente em cento e sessenta países, já transmite em digital, com grandes avanços nesse contexto. Do nosso lado posso dizer que a nossa planta tecnológica é excelente. Não é de última geração, porque tem três anos de uso.

AAqui - Houve troca de ações entre suas empresas? A Record aportou investimentos na sua empresa ou vice-versa?

MP - É importante considerar que o negócio surgiu pela nossa experiência de relacionamento com a Record em 12 anos e pela visão estratégica da Record com SC para poder cobrar dos seus afiliados um melhor serviço e competência para ganhar a nível nacional. Não há nenhuma troca de ações, apenas um processo de filiação, que demandará um repasse financeiro nos primeiros três meses de operação um pouco mais significativo para poder ajudar na imigração e depois volta para um repasse menor, mas superior ao que repassávamos para o SBT

AAqui - De quanto é o repasse para o SBT e quanto será para a Record?

MP - O repasse do SBT está em torno de 200 mil reais. Para a Record será um pouco maior.

AAqui - O senhor diria que a RIC está para a Record, assim como a RBS está para a Globo?

MP - Sim. Absolutamente.

AAqui - Sobre o faturamento da televisão. Quanto crescia ao ano e quais as perspectivas futuras?

MP - Nós perdemos faturamento com o SBT nos últimos dois anos. Temos um furo de caixa de dois milhões de reais no mínimo e que fez falta pra nós. Isso é o deixou de entrar, sem contar o que não crescemos com a queda de audiência, motivada pelo crescimento da Record, que levou parte desse faturamento. Para o futuro eu acredito o Grupo RIC deva crescer 40 % em 2008 e deverá dobrar seu faturamento de hoje em 2010.

AAqui - Qual é o faturamento hoje do seu Grupo no PR e SC?

MP - Em 2007 devemos fechar o faturamento das duas empresas em R$ 55 milhões. E me atrevo a projetar para 2010 um faturamento 100% maior. Ou seja, R$ 110 milhões.

AAqui - Qual a data de vencimento do contrato com o SBT?

MP - O SBT não mantinha contrato com as afiliadas. Havia um contrato de 1998 com prazo indeterminado e seu cancelamento previa aviso de 90 dias. É o que estamos cumprindo.

AAqui - Como eles ficam em SC agora?

MP - Acho que eles têm duas possibilidades. A Barriga Verde, do Brandalise e a Rede TV Sul, do Roberto Amaral. Eu acho que o SBT perde muito, pois sai de uma rede 4 ou 5 emissoras regionais para uma emissora. No caso da Barriga Verde, não sei, pois ela está muito bem na Bandeirantes, com a TV e as rádios.

AAqui - E com relação ao Rádio? Sua empresa tinha uma emissora e recentemente a arrendou. Nessa nova configuração, não há espaço para ela?

MP - O rádio é um meio importante no nosso negócio. No Paraná a RIC tem 4 emissoras. Montei a Rádio Mais Alegria como estratégia para fazer a sustentação do lançamento do jornal (Notícias do Dia) Ela nos serviu para aquele propósito, lançou bem o jornal, provocamos a concorrência na época que se viu obrigada a antecipar seu projeto de jornal popular.

AAqui - A decisão de montar um jornal visava ampliar a atuação como grupo de comunicação em SC?

MP - Bem. Existia espaço para um novo jornal em Florianópolis. E não queríamos agredir o jornal O Estado. Não queríamos colidir com A Notícia, que era um jornal bem elaborado em Joinville e que tinha repercussão na Capital e nem com o próprio DC, jornal líder. Buscamos um nicho, o de jornal popular, e a RBS veio atrás com o Hora. Hoje temos uma nova realidade, recentemente migramos para um jornal de classe BA e está indo muito bem. Nós tínhamos rádio no Sul, no Meio-Oeste, em Itajaí, e abrimos mão para poder focar no investimento financeiro no projeto de jornal. Pensamos em concentrar em TV e jornal e vamos avaliar futuramente as oportunidades para o meio-rádio. É uma perda momentânea

AAqui - Com essa operação o número de funcionário do seu grupo vai diminuir?

MP - O grupo tem no Paraná em torno de 350 funcionários, em Santa Catarina 450. A tendência é aumentar, pois vamos incorporar Itajaí e Xanxerê. Esta incorporação se dará na forma de administração dos ativos das emissoras cujos funcionários virão para a RIC. Claro que temos que olhar essa planta de desenvolvimento, analisar se existe necessidade de dispensas de quem quer que seja. Nossa leitura, a princípio, é de incorporar e avaliar o nosso posicionamento enquanto emissoras regionais, que nos obriga cada vez mais a ter entendimento dessas características e ter profissionais qualificados para isso. Agora com a Record News a estrutura é outra, grande. E isso vai demandar a contratação de parte dos oriundos da Record para a estrutura da Record News que será transmitida pela atual Record Florianópolis para a Capital, Planalto Serrano e Sul do Estado. Será o primeiro canal aberto de noticias em Santa Catarina.

AAqui - Vocês não estariam repetindo o mesmo que a RBS fez quando adquiriu o jornal A Noticia, atitude tão combatida por sua empresa?

MP - Não posso garantir aqui, mas vou especular um pouco. Como a Record tinha sua estrutura contábil e financeira e questões maiores junto a São Paulo, talvez não se mantenha essa estrutura na Record. O que tem na Record é comercial, a OPEC , jornalistas, comunicadores. Esse conjunto de profissionais nós vamos precisar também em Itajaí e Xanxerê. Aqui na Capital, evidentemente, que vai existir uma superposição de funções e vamos ter que ver com cuidado esse aspecto. Quando a RBS demitiu funcionários em Joinville nós absorvemos parte do pessoal no nosso jornal. A tendência desses profissionais da Record é de serem contratados também por outras emissoras, pois o bom profissional sempre tem emprego.

AAqui - E como ficam os contratos de publicidade que estavam em cima dos programas do SBT, como Silvio Santos, Gugu, Hebe, Ratinho, etc.?

MP - Nós sempre estávamos vendendo para nossos clientes 3 coisas: a marca de gestão de RedeSC, que continua igual. O cliente vai continuar comprando um produto gerido por nossa equipe comercial que é dirigida pelo Reinaldo Ramos. Outra coisa que não muda é a estrutura, postura, atendimento, criatividade, propostas e serviços das nossas diretorias regionais que são muito bem reconhecidas no mercado. Segundo ponto, é a revelação regional, que não muda em nada, ao contrário, vai melhorar. O campeonato catarinense de futebol será transmitido por nós nos próximos dois anos em mais 6 emissoras. Acredito que o cliente irá reconhecer isso e, pagar um pouco mais por isso. E por último, a audiência. Até um tempo atrás o SBT estava tendo dificuldade de produto A e produto B. O ratinho estava num horário, a Hebe mudava de dia, etc. Então paramos de vender produto e começamos a vender audiência. Agora nós vamos oferecer a Record para esse cliente com mais audiência. Ou seja, vamos oferecer ao mercado um ganho real e acho que o mercado vai nos reconhecer e valorizar esse processo. É claro, num primeiro momento, vamos ter dificuldades de explicar e mostrar toda essa alteração no quadro de audiência em Santa Catarina. Mas teremos 90 dias para essa missão.

AAqui - O Hélio Costa volta para sua emissora. Certamente ele tem contratos de merchandising, patrocínio etc. Vocês vão absorver esses contratos nas mesmas condições que eles existem hoje na Record?

MP - No último ano e meio fizemos investimentos pró-mercado. Compramos jornal montamos uma rádio e o mercado não correspondeu publicitariamente. Ninguém consegue construir uma pluralidade de pensamento ou fazer desenvolvimento sem o apoio de pessoas e empresas dispostas a empreender nessas mudanças. É importante nossas agências olharem esses nossos esforços e orientarem seus clientes a prestigiarem nossa organização, todos irão ganhar com este crescimento, melhor atendimento, propostas e melhores resultados para os clientes. As agências devem olhar contrato por contrato existente na Record para poder manter bem nesses 90 dias.

AAqui - E se o prazo for superior a 90 dias? Vocês vão honrar valores? Vão renegociar?

MP - Nós vamos realizar uma gestão conjunta com a Record, observando cada caso. Iremos defender a razão para um cliente que pagava numa programação local ou nacional 10 vir para cá onde outro cliente pagava 20. Nós vamos ter que ter tempo para isso. E o mercado precisa entender isso. Seu cliente vai ganhar audiência, programação melhor qualificada.

AAqui - Na sua opinião, falando para agências e anunciantes, essa fusão, não favorecerá a líder? Não haverá migração de audiência para a RBS? Ela não ganha com essa ausência de uma terceira rede?

MP - Eu acredito que não. Para haver concorrência é preciso ter muito bem o primeiro e o segundo próximos. Depois o terceiro, depois o quarto. Existe atualmente no Brasil falta de uma concorrência mais presente para o segundo lugar. Então eu acho que a concorrência com a RBS, considerando a planta de seis emissoras que nós vamos ter - temos Itajaí que ela não tem - vai de fato acontecer agora com o fortalecimento da Record em Santa Catarina. Quanto à audiência, como publicou a Veja, a Globo é maior com 21 pontos, e a Record com 7 pontos (audiência na Grande São Paulo) Mas daqui a dois a três anos, se a Globo continuar caindo como vem caindo, chega a 17 e a Record chega a 11. Então acho que não se trata de a RBS perder ou ganhar com essa nossa fusão. Ela vai ter que trabalhar mais daqui pra frente para manter seus índices atuais de audiência em SC. E quem vai ganhar com isso é o mercado anunciante, pois nós vamos atende-lo melhor, vamos vender melhor, vamos fazer propostas, negociações e, claro, que o mercado se valoriza e se souber usar esse momento, ganha nas negociações e no desenvolvimento.

AAqui - E como vocês vão ?pilotar? dois apresentadores que brigavam pelo horário do meio-dia e estavam com audiências muito semelhantes? Há contratos de algumas marcas nos dois programas. Como conciliar isso?

MP - O Hélio veio da Record para a Rede SC, há uns dois anos e, há alguns meses, nós o perdemos para a Record. Naquele momento perdemos metade da nossa audiência. A RBS num primeiro momento saiu ganhando, mas depois caiu a audiência porque a RBS tem um modelo de programação mais engessado e perde em Chapecó, perde em Joinville e perdia muito pra nós aqui na Capital. Passou a não perder mais porque dividiu a nossa audiência. Vou dar um exemplo: na última sexta feira o nosso jornalismo empatou em ?share? com a Record. O Nader, nosso apresentador, que é um jovem em ascensão, já trabalha de igual para igual com o Hélio Costa. É claro que há possibilidade de virmos a trabalhar com os dois apresentadores e, assim, construir uma liderança frente à RBS. Quando perdemos o Hélio fomos em busca de um substituto que hoje desponta no Ibope com grande performance. A média na última sexta, das 11h45 às 13h15 a RBS ficou com 17 pontos, RedeSC com 13 e a Record com 13 também,sem levar em consideração que a REDE SC recebe a programação nacional com ¼ da concorrência. Mas, é claro, que nós vamos buscar somar esforços com a volta o Hélio e construir uma programação com ele, se assim ele o desejar.

AAqui - Se os dois deram 13 pontos cada, ambos na mesma emissora podem liderar com vantagem o horário do meio-dia. Você apostaria nisso?

MP - Sem dúvida. Esse é o trabalho. Aproveitar bem os dois para gerar uma programação que alcance a liderança do horário.

AAqui - Vocês tentaram trazer o Cacau Menezes e, por pouco, ele não está aqui hoje. Agora não seria a hora de uma nova abordagem com ele?

MP - Nós e ele agirmos de forma muito transparente durante todo o processo de negociação. Houve muita conversa, informal, mais formal, realidades e propostas. O Cacau foi transparente em todas as ofertas. Tanto junto a RBS, pelo que nos informou, quanto junto a nós. O que aconteceu no final foi que prevaleceu o lado emocional. Uma relação de 22 anos que o Cacau tem com a RBS que foi respeitada. A gente sentiu bastante, mas o Cacau teve a grandeza de voltar atrás e de nos colocar o que preferiu. Ele deu uma demonstração clara de que quer se aposentar na RBS. Por isso é muito difícil a gente voltar a conversar sobre o assunto. Nossas portas estão abertas para ele que é um excelente profissional.

AAqui - Vocês já têm noção de quais âncoras do jornalismo vão abrir mão?

MP - Vamos começar a tratar desse assunto nesta segunda-feira (05/11). Primeira coisa que vamos fazer é a criação de um comitê que vai examinar toda a programação atual da Record regional de Xanxerê, Itajaí e Florianópolis, e da Rede SC de Joinville, Blumenau, Chapecó e Florianópolis. Essa equipe vai examinar o contrato de remuneração desses programas e analisar cada caso. Vamos procurar fazer das duas grades, uma grande grade. É muito cedo ainda, mas com certeza, os grandes profissionais vão ser muito bem valorizados

AAqui - O senhor acredita que os investimentos nessa transação que busca consolidar o segundo Grupo Regional de Comunicação do Brasil , será mais em programação local, equipamentos, tecnologia, material humano?

MP - Acho que nesse momento vai ser investimento em comunicação e marketing, para mostrarmos ao mercado o que é a RIC

AAqui - E no Paraná, muda alguma coisa na RIC? Ou se mantém o ?status quo??

MP - Não muda praticamente nada. A não ser a inclusão institucional empresarial que existe agora a RIC Santa Catarina. O que muda é a nossa visão em São Paulo, Rio de Janeiro e outros mercados e, também, em Brasília onde buscaremos projetos especiais, bons clientes, oferecendo atendimento diferenciado para a RIC nos dois Estados onde moram 16 milhões de pessoas com excelente poder aquisitivo. Vamos trabalhar melhor os clientes nacionais nessa programação regionalizada na forma de apresentar institucionalmente o Grupo. É um aprendizado para todos nós. Afinal, hoje somos uma nova empresa, com uma nova bandeira, com uma nova planta e uma nova visão empresarial. É uma construção nova para nós e, por isso, acredito que vamos investir muito em marketing, comunicação, relacionamento e serviços.

AAqui - Qual o prazo do contrato assinado com a Record e quando se dará o início da vigência?

MP - O contrato com a Record é por prazo indeterminado, renovado automaticamente, com rescisão por uma das partes a qualquer momento com aviso dentro de um determinado prazo. Nossa migração para a Record acontecerá no dia 1º de fevereiro de 2008.

AAqui - Qual é o organograma dessa nova empresa que busca a posição de segunda grande rede?

MP - Mantém o organograma de hoje: Mário Petrelli na presidência, meu irmão Leonardo Petrelli como vice presidente do Paraná eu como vice presidente de Santa Catarina. Na área de marketing vamos contar com Sérgio Reis, nosso diretor de marketing corporativo para as duas empresas. Deve haver uma maior integração financeiro-contábil.

AAqui - E na Record News, as áreas comercial e de marketing estarão sob o comando da RIC? Ou vai ter outra linguagem, outro time comercial?

MP - Acho que a tendência é o Reinaldo Ramos dirigir as duas com dois gerentes. Teremos também, uma gerência de programação. Pretenderemos tratar a Record News como tratamos nossas filiais de Chapecó, Joinville e Blumenau. Uma dependência única, uma gestão única, para poder acontecer, mas isto irá depender de discutirmos com a Record.

AAqui - E a área de marketing daqui? Havia uma equipe gerenciada pelo Luiz Carlos Pereira que foi desmontada. Ela será reportada ao Sérgio Reis ou terá estrutura independente?

MP - O Sérgio Reis ficará sediado no Paraná e prestando serviços pra a RIC SC/PR numa visão estratégica e de relação com o mercado. Ele é diretor corporativo. Para o varejo vamos montar uma nova estrutura.

AAqui - Para concluir nos diga o sentimento que impera nesses dias na Família Petrelli.

MP - Estamos muito felizes com a conclusão dessa operação! Estivemos no SBT na ultima 3 feira e nos receberam muito bem. Nos questionaram por que não demos uma chance de conversa com eles. Não se trata de barganhar uma vantagem ou uma compensação. Não se trata de uma escolha simples. Trata-se de uma escolha difícil, uma escolha importante, uma escolha complexa, mas se trata de uma escolha. Estamos muito seguros, muito motivados e felizes não só nós, mas toda a nossa equipe de SC e PR. Acredito que meu pai, como presidente da empresta está de parabéns, o Leonardo, meu irmão, está de parabéns, eu estou de parabéns e a Record está de parabéns, por ter demonstrado uma extrema parceria, grandeza de poder enxergar o que ela também ganha com isso tudo ao incentivar e oportunizar a construção da rede nesse Estado. Eu sou uma pessoa otimista por natureza, mas estou cansado com toda a movimentação dos dois últimos anos em que montamos jornais, rádio, enfrentamos a concorrência, etc. Mas a juventude que carrego dentro de mim me anima a mais este desafio.

O que é para Marcello Petrelli
Sucesso: Felicidade e Paz
Ética: Fazer o certo perante ao outro
Amigo: Poder contar sem pedir
Ídolo: Não tenho .
Competição: Necessário, infelizmente
: Deus
Competência: Trabalho e muito mais trabalho
Modelo de empresa da área das Comunicações: Grupo Abril
Empresa brasileira que admira: Banco Bradesco
Profissional que aprecia: Bill Gates , inteligente e simples
Tipo de profissional que não admira: Políticos sem foco na missão que se propuseram
Lealdade: Família
Dinheiro: Importante mais não fundamental, conseqüência , meio e não fim
Produtividade: Trabalho mais criatividade e oportunidades mais SORTE
Criatividade: Fundamental.
Realização: Colocar em prática as idéias
Prazer: Descansar , ler e viajar
Respeito: Pais
Viver: É a razão de tudo é maravilhoso aqui e agora.

Florianópolis, novembro de 2007

Fonte: AcontecendoAqui

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