Medida visa combater a proliferação de fake news no aplicativo
30/04/2020A aposta do WhatsApp de forçar as pessoas a mandar menos mensagens virais, que geralmente disseminam correntes de desinformação, está começando a dar certo. Desde que impôs um novo limite para os usuários reenviarem conteúdos, o aplicativo de mensagens instantâneas do Facebook viu os encaminhamentos despencarem. De acordo com um porta-voz do app, o reenvio de mensagens caiu 70% desde que a mudança começou a valer, no começo de abril. A queda ocorreu no mundo todo, o que inclui a Índia, maior mercado do "Zap", e o Brasil, para onde o aplicativo vem concentrando seus esforços publicitários para conscientizar usuários.
"Recentemente implantamos um limite para compartilhar 'mensagens altamente compartilhadas' com apenas uma conversa. Desde que introduzimos esse novo limite, houve uma redução de 70% no número de mensagens altamente encaminhadas pelo WhatsApp em todo mundo", afirmou um executivo do serviço ao site TechCrunch. Até a mudança, qualquer pessoa podia encaminhar qualquer conteúdo de uma só vez para cinco conversas, fossem elas com contatos, grupos ou listas de transmissão.
A restrição limitou essa ação a apenas um reenvio quando a mensagem for classificada como "altamente encaminhada". Caem nesse critério mensagens que forem encaminhadas cinco vezes ou mais. Eles são sinalizados no Whatcom duas setas cinza ao lado da palavra "encaminhada". Apesar dos esforços do WhatsApp, um pesquisador brasileiro descobriu uma forma de contornar a restrição e continuar a encaminhar mensagens para cinco contatos.
Para o aplicativo, reduzir a circulação dessas mensagens encaminhadas é um caminho não só para diminuir a presença de notícias falsas ou de teorias da conspiração, mas também transformar o serviço de mensagens em um canal encarado como cada vez mais privado por seus usuários.
Combate à desinformação - Não é a primeira vez que o WhatsApp diminui o número de pessoas para quem uma mensagem pode ser encaminhada. Até julho de 2018, um usuário podia repassar algum conteúdo a 250 contatos de uma só vez. Naquele momento, esse número caiu para 20.
A decisão foi uma resposta aos linchamentos que ocorreram na Índia após mensagens falsas disseminarem o boato de crianças estavam sendo sequestradas por ladrões e abusadores sexuais. Mais de 20 pessoas foram mortas após as mensagens as identificarem como os culpados. Elogiada por muitos, a medida foi criticada por quem viu uma limitação em sua capacidade de se comunicar, como o então candidato à presidência Jair Bolsonaro. Ele chegou a mencionar que, uma vez no cargo, tentaria reverter a restrição.
Isso não só não ocorreu, como a limitação foi ampliada pelo WhatsApp meses depois. De 20 encaminhamentos, o app reduziu para cinco em janeiro de 2019. Além disso, o WhatsApp informa que tem banido por mês dois milhões de contas que tentam enviar mensagens automatizadas ou em massa. Por outro lado, o aplicativo lançou em suas versões de teste um novo recurso. Ao tocar em um ícone de lupa, é possível buscar na internet se a informação encaminhada por um contato é verdadeira ou não. O WhatsApp espera que caia a circulação de rumores e notícias falsas, caso os usuários chequem a veracidade do conteúdo antes de pensar em repassá-lo.
Repórter: Uol/Tilt