Presidente da Abert cobrou do governo redução das assimetrias regulatórias entre radiodifusão e OTTs e responsabilização das plataformas digitais por fakes news e discurso de ódio
13/02/2023“É preciso que as empresas de tecnologia, as plataformas
digitais, que exercem grande influência sobre o conteúdo midiático à disposição
da população e possuem amplo poder de direcionamento de programação, e que são
efetivamente empresas profissionais de mídia concorrendo de forma direta pelo
mercado publicitário com as empresas de radiodifusão, observem regras mais
simétricas em relação ao setor de mídia”, falou o presidente da Abert a
respeito da regulação das big techs.
Afirmou que as gigantes digitais permitem as propagação de fake news e têm práticas pouco transparentes em relação aos lucros obtidos com esta prática. “Desinformação, conteúdos ofensivos e discursos de ódio podem ser vistos como consequência de falta de responsabilização e supervisão das atividades dessas plataformas, inegavelmente indispensáveis nos tempos atuais. Diversos países têm buscado atenuar tal fenômeno. E o Brasil, ao ocupar a 4ª posição de maior produtor e consumidor de conteúdo da internet, não pode ficar inerte nessa discussão”, defendeu o presidente da Abert.
No seminário, a Abert elencou as assimetrias que considera existir entre a radiodifusão e as big techs que atuam no Brasil. São elas:
Legislação trabalhista: rádio e TV contratam categorias de profissionais com jornadas reduzidas e funções regulamentadas, enquanto as mídias digitais estrangeiras contratam sem qualquer restrição.
Licenças de operação: empresas de radiodifusão passam por processos de outorgas, com limitações de propriedade que minimizam ganhos de escala, com participação de capital estrangeiro em até 30% do total. As mídias digitais não necessitam de autorizações e nem têm limites de propriedade.
Regulação de conteúdo: os veículos locais respondem
editorialmente pelo que publicam. Devem ceder espaço gratuito a voz do brasil,
propaganda política e mensagens do poder executivo. Nada se aplica às mídias
estrangeiras, que também não se responsabilizam pelos conteúdos que transitam
em suas plataformas, permitindo fake news, discurso de ódio e conteúdos
ofensivos.
Publicidade: veículos de comunicação atendem a marcos
regulatórios e à autorregulamentação. As big techs não se alinham às regras do
mercado publicitário, não são transparentes quanto às operações e faturamento.
“Isso gera problemas como anúncios impróprios para crianças e adolescentes,
publicidade oculta, ofertas enganosas, fraudes, além de questionamentos
tributários”, defende a Abert.
Repórter: Telesíntese