Empresas detalham como produzirão e entregarão conteúdo na evolução da televisão, além de estreitar o relacionamento com os anunciantes
11/12/2023Atualmente, essa recepção acontece por meio de mecanismos – que podem ser integrados à TV ou virem embutidos no aparelho –, com colaboração da produção. Alguns streamings, como a Netflix e a Globoplay, têm conteúdo gerado em 4K. Na televisão, a Globo, por meio do canal de TV paga SporTV, produz conteúdo nesse padrão. Pelo menos um jogo exibido pela emissora conta com essa qualidade de transmissão aos espectadores.
Além disso, com a implementação da TV 3.0, o sistema de áudio deve ter melhorias. Na TV Cultura, por exemplo, existem planos de implementação do áudio imersivo. Esse recurso está disponível em algumas plataformas de streaming.
Segundo o diretor de engenharia da TV Cultura, Nelson Faria, a terceira geração da TV deixará o meio com navegação semelhante ao que acontece nos aplicativos on demand. “O espectador passa a trabalhar como se fosse em um app. A TV poderá ser acessada por dispositivos móveis para ser assistida. Desse modo, a audiência da TV aberta tende a aumentar”, diz.
Já para a Globo, a TV 3.0 é oportunidade de ultrapassar as barreiras entre TV e internet, como explica Ana Eliza Faria e Silva, gerente sênior de regulatório da Globo. “A chegada da TV 3.0 vai derrubar definitivamente as barreiras entre a TV e a internet e abrirá a oportunidade de levar essa audiência massiva para o ambiente digital, onde será possível entregar nos canais abertos todos os recursos típicos da internet, como segmentação, interatividade e recomendação de conteúdo”.
Conectada e interativa
Além das premissas de evolução tecnológica, a TV 3.0 deve
proporcionar aos espectadores mais interatividade e conexão. Com isso, os
canais de televisão conseguirão entregar conteúdo personalizado e endereçado.
“Além de continuar sendo o meio mais eficaz e rápido para alcançar grandes grupos de pessoas, a TV passará a maximizar sua entrega em aplicações de relacionamento, ultra segmentação, programáticas e endereçáveis”, explica Roberto Franco, diretor de tecnologia e operações do SBT.
Isso significa mudança na forma como as empresas de mídia vão produzir o conteúdo. Essas empresas contarão com ferramentas como votação dirigida, fazendo com que o programa se conecte em várias camadas com quem está assistindo.
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Por isso, as emissoras estão se planejando para essas mudanças. Faria, da Cultura, alerta que essas alterações terão um tempo para acontecer. “As emissoras terão período de atualização, como aconteceu com a TV analógica para HD (alta definição)”.
Neste processo, a Globo começou a testar, ainda em 2022, uma experiência de TV 2.5. Desse modo, os aparelhos conectados, que possuem o ID Globo, recebem conteúdo e publicidade direcionados. “Como as ofertas estarão reunidas numa única experiência, ao se logar na TV, o usuário não terá acesso somente à programação linear. Ele entrará em todo o ecossistema de canais e plataformas Globo”, explica Ana Eliza, a gerente de regulatório da emissora.
Com todas essas mudanças, surgem oportunidades para os
anunciantes. Como a expectativa é que a transmissão seja semelhante ao que
acontece na internet, essa nova geração de TV permitirá que as marcas conversem
com públicos direcionados, ou seja, que sejam mais específicas e regionais em
seus anúncios.
Para os canais de mídia, é a oportunidade de desenvolver novos formatos de relacionamento com os anunciantes. “Teremos a capacidade de oferecer ou desenvolver estratégias de marketing de relacionamento, de nicho e até mesmo de direcionamento personalizado, com base nos dados do usuário, semelhante ao que é possível hoje apenas nas plataformas digitais”, diz Franco, do SBT.
O executivo explica que a televisão pode se tornar plataforma de compras. “Será possível oferecer aplicações transacionais, como a aguardada shoppable TV, onde os usuários podem comprar diretamente usando o controle remoto”.
Repórter: Meio & Mensagem