Presidente do STF defende regulamentação da IA e ressalta a ameaça das deep fakes

Segundo Barroso, a IA contribui para a desinformação em massa

19/08/2024


Barroso diz que deep fake compromete liberdade. Foto: Antonio Augusto /STF

Durante a abertura do evento “Os impactos da inteligência artificial no constitucionalismo contemporâneo”, realizada nesta segunda-feira (19) no STF (Supremo Tribunal Federal), o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, ressaltou os desafios e perigos relacionados à inteligência artificial (IA), com destaque para a ameaça representada pelas deep fakes, que são vídeos manipulados digitalmente.

Barroso afirmou que essas tecnologias comprometem gravemente a liberdade de expressão ao permitirem a criação de vídeos nos quais pessoas aparecem falando ou fazendo coisas que nunca fizeram, sem que seja possível detectar a manipulação a olho nu. “Agora temos o deep fake, que tem a capacidade de me colocar aqui falando coisas que eu nunca falei sem que seja possível detectar a olho nu e isso é gravíssimo porque compromete a liberdade de expressão”, disse.

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O ministro também alertou para outros impactos negativos da IA, como a desinformação em massa, o uso bélico, a maldade nas redes e, particularmente, no ambiente eleitoral. Ele observou que, apesar dos riscos evidentes, a regulação da IA é uma tarefa complexa, dado que muitas das implicações futuras dessa tecnologia ainda são desconhecidas.

“A IA oferece sim riscos, mas é muito difícil regular algo que nós não sabemos direito o que está ainda por vir, mas existem valores que não podemos perder de vista, sendo eles: os direitos fundamentais, como a privacidade, liberdade de expressão, tem a proteção à democracia, com os riscos da desinformação e ataques”, pontuou.

Barroso ainda comentou que a mudança mais significativa trazida pela IA até o momento foi o advento da inteligência artificial generativa, como o ChatGPT, que é capaz de criar conteúdos autonomamente.

“Essa é uma transformação muito profunda”, afirmou. Ele enfatizou que a IA não possui discernimento moral ou ético, não distinguindo entre certo e errado ou bom e ruim, sendo inteiramente dependente dos dados e instruções fornecidos por seres humanos.

“A partir do momento que as decisões mais importantes das nossas vidas forem tomadas fora da gente, rompeu-se um dos pilares que nós fomos educados.”

Repórter: R7

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