Rádio gera mais exposição para músicas do que plataformas digitais, aponta estudo

Análise da Radiomonitor compara reproduções de canções no streaming e no rádio, destacando a relevância da radiodifusão para a indústria musical

06/03/2025


Uma nova análise da Radiomonitor revela que o rádio continua sendo a principal plataforma de música do mundo, proporcionando maior exposição para os sucessos musicais do que todas as demais plataformas somadas. Na Europa, por exemplo, a audiência gerada pelo rádio é pelo menos cinco vezes maior que a do Spotify, número que se eleva para até 48 vezes em países como a Nigéria, onde o consumo de streaming ainda é limitado. E globalmente o rádio acaba desempenhando um papel fundamental para a música, impulsionando a própria execução em streamings, vendas de ingressos para shows, vendas físicas, entre outros. Uma série de levantamentos anteriores já haviam apontado a importância do rádio para a música e, em especial, na capacidade do meio em manter um artista ou uma canção por mais tempo como sucesso. 

Comparação entre rádio e streaming

Apesar de serem complementares no consumo diário dos ouvintes, é comum a comparação entre rádio e streaming sobre a importância de cada um para a música, geralmente pendendo a favor das plataformas digitais. Porém, o levantamento do Radiomonitor sugere o contrário: de acordo com o levantamento, o hit mais reproduzido no Spotify em 2024 foi “Espresso”, de Sabrina Carpenter, com 1,6 bilhão de streams globais na plataforma. No entanto, essa mesma faixa foi ouvida mais de 1,3 bilhão de vezes apenas nas emissoras de rádio do Reino Unido ao longo do ano, segundo dados da Radiomonitor. O segundo maior sucesso do Spotify em 2024 foi "Beautiful Things", de Benson Boone.  

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Ao analisar os dados de consumo musical no Reino Unido, fica evidente a força do rádio na disseminação de grandes sucessos. "Beautiful Things" acumulou 120 milhões de streams no Spotify UK ao longo de 2024, enquanto foi executada 1,8 bilhão de vezes no rádio britânico no mesmo período — uma diferença de 15 vezes mais exposição no meio tradicional.  

Para ampliar a análise, a Radiomonitor comparou os números do ranking semanal do Spotify UK com o ranking semanal das músicas mais tocadas no rádio do país (dados da sexta semana de 2025). O maior hit do Spotify no período teve 3,6 milhões de streams, enquanto a música mais tocada no rádio foi ouvida 51,4 milhões de vezes. A faixa "Messy", de Lola Young, liderou ambos os rankings, com a audiência do rádio sendo 14 vezes maior que no Spotify.  

A partir dessa análise, foi calculado um índice chamado Radio Multiple (RM), que compara a exposição média das 200 músicas mais ouvidas no rádio com as 200 mais tocadas no Spotify. No Reino Unido, esse índice foi de 10, o que significa que, em média, uma música do Top 200 do rádio é ouvida dez vezes mais do que uma do Top 200 do Spotify.  

Esse padrão se repete em todos os mercados analisados pela Radiomonitor. O rádio supera o Spotify e todas as outras plataformas de música no alcance dos sucessos. O Radio Multiple (RM) varia por país, mas sempre aponta uma vantagem expressiva do rádio. Na Europa, onde o Spotify domina 56% do mercado de streaming, um RM de 2 ou 3 já tornaria o rádio maior que todas as plataformas combinadas. No entanto, os números reais são ainda mais altos: em todos os países analisados, o índice foi de pelo menos 5. Em locais com baixa penetração do streaming, como África do Sul e Nigéria, o RM atinge 31 e 48, respectivamente. 

A relevância do rádio na indústria musical  

O impacto do rádio vai além da simples reprodução das músicas. Ele impulsiona streams, downloads, vendas físicas e, principalmente, a venda de ingressos para shows — uma fonte de renda essencial para artistas. Em 2023, a receita com apresentações ao vivo no Reino Unido foi de £6,1 bilhões, enquanto o mercado de música gravada gerou £1,4 bilhão, segundo dados da BPI e do Live Music.  

Embora ainda existam debates sobre como comparar diretamente uma execução no rádio com um stream em uma plataforma digital, um fato é incontestável de acordo com o levantamento: quando uma música atinge o topo do ranking de airplay da Radiomonitor, ela se torna o maior sucesso do momento, sendo a mais ouvida em todos os meios e formatos disponíveis.

Em agosto passado, o tudoradio.com publicou uma análise da Billboard destacando que o rádio desempenha um papel crucial na longevidade das músicas nas paradas de sucesso. Enquanto faixas que estreiam diretamente no top 10 permanecem, em média, seis semanas no ranking, aquelas que ascendem gradualmente ao top 10 tendem a durar mais de 11 semanas. Essa maior exposição impulsiona vendas de shows, engajamento dos fãs e execuções em plataformas de streaming.

E outro estudo ajuda a explicar essa situação, mostrando que o consumo de rádio é mais elevado: a Edison Research revelou que o rádio AM/FM continua sendo a principal plataforma para consumo de música nos Estados Unidos, superando os serviços de streaming. De acordo com os dados, as transmissões de rádio AM/FM representam 32% do tempo diário de audição musical entre ouvintes com 13 anos ou mais, enquanto as plataformas de streaming, como Spotify e Apple Music, correspondem a 28%. O YouTube, utilizado para música e videoclipes, contribui com 18% desse tempo. O estudo também apontou que a música representa 74% do tempo médio diário de consumo de áudio no país.

Repórter: TudoRádio

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