A inteligência artificial, por exemplo, gerou muita expectativa, especialmente na área de automação e ganho de produtividade
10/04/2025
Beto Amaral, governador do Paraná, Ratinho Jr e comendador Ranieri Moacir Bertoli
Artigo originalmente publicado no Portal AcontecendoAqui
A NAB 2025, realizada em Las Vegas, mais uma vez reuniu os principais profissionais, fornecedores e lideranças da radiodifusão mundial. Observei que alguns movimentos importantes que merecem destaque, apesar de esta edição ter sido menos marcada por grandes inovações tecnológicas. Como já participei de mais de 15 edições da NAB ao longo dos anos, e cada uma delas teve sua tendência dominante: edição não linear, transmissão via IP, digitalização, 4K, 8K, mochilinks, vídeos em 3D, câmeras 360, OTT, virtualização, LEDs, entre outros. Já a NAB 2025, não teve nenhuma trend tecnológica.
Neste ano, dois pontos principais chamaram atenção. O
primeiro foi o foco no relacionamento. A feira teve uma forte presença de
executivos e gestores da radiodifusão brasileira e mundial, e com muitos
momentos de interação entre todos. Porém, em termos de novidade tecnológica,
não se teve muita coisa. A inteligência artificial, por exemplo, gerou muita
expectativa, especialmente na área de automação e ganho de produtividade, mas o
que foi apresentado na prática foram apenas soluções pontuais, sem grandes
saltos em relação ao que já se conhecia.
O segundo ponto relevante foi a constatação da massificação
e acessibilidade da tecnologia. O que antes era inviável para emissoras de
pequeno e médio porte, hoje está dentro do orçamento de muitos players.
Equipamentos como cenários virtuais, que podem custar de 20 mil a 2 mi de
dólares, e câmeras de altíssima qualidade, que variam de 2 mil a 1 mi de
dólares, mostram que existe um leque muito amplo de possibilidades para
diferentes perfis de operação. A diferença dos valores reflete em
funcionalidades, mas o ponto é que todos conseguem jogar o jogo com algum nível
de competitividade.
Para o meio rádio, como já vi em edições anteriores, ficou ainda mais evidente a necessidade de se posicionar como um meio multiplataforma. O rádio precisa estar presente em toda a jornada diária do ouvinte — seja no carro, no celular, nas redes sociais, em smart speakers ou em plataformas de streaming. Há uma oferta crescente de ferramentas e serviços que permitem essa integração digital, e o desafio para os radiodifusores é garantir relevância em cada um desses pontos de contato. Não se trata apenas de estar online, mas de fazer parte da vida do ouvinte em múltiplos formatos e canais.
No campo da TV 3.0, o tema foi muito presente nos debates, especialmente por conta da proximidade do início de sua implementação no Brasil. A possibilidade de publicidade endereçável e personalização do conteúdo promete transformar o modelo atual, aproximando a TV aberta da experiência de plataformas de streaming, mas com toda a estrutura regulada pelas leis brasileiras. Apesar da relevância do tema, havia poucas demonstrações práticas nos estandes da feira.
Vale destacar a presença brasileira, que foi bastante expressiva. Eventos como o SET e 30, o AERP Day, o almoço da ABERT e o jantar da AESP reforçaram o papel do Brasil como protagonista regional em radiodifusão. Também estiveram presentes o governador do Paraná e futuro presidente, Ratinho Jr., o astronauta e ex-ministro Marcos Pontes, além da presidente do Grupo Silvio Santos, Ana Bortoni, e da CEO do SBT, Daniela Beyruti, além de parlamentares e das equipes do Ministério das Comunicações e da Anatel, lideradas por Wilson Diniz Wellisch e Vinicius Caram.
Mas, não menos importante do que as autoridades, estavam os radiodifusores de todo o Brasil. Os colegas que mantêm viva a missão da comunicação democrática, comprometida com as leis e os valores do país. São esses apaixonados por TV e rádio que continuam fazendo a diferença no cenário da mídia brasileira.
A NAB 2025 mostrou que, embora os grandes saltos tecnológicos estejam mais espaçados, o setor vive um momento de consolidação, acesso ampliado à tecnologia e amadurecimento dos modelos. E, nesse processo, o Brasil segue presente, debatendo, propondo e construindo o futuro da radiodifusão.
Repórter: Beto Amaral/ VP Inovação e Competitividade